O impacto das confiscações israelenses em Sebastia

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16 Dezembro 2025

"Profunda preocupação" com a recente confiscação de uma grande área em Sebastia, um vilarejo no norte do Estado da Palestina, foi expressa em um comunicado da Pro Terra Sancta, uma rede que promove projetos de valorização do patrimônio cultural em apoio a comunidades locais no Oriente Médio, onde os frades franciscanos da Custódia da Terra Santa estão presentes.

A informação é de Beatrice Guarrera, publicada por L'Osservatore Romano, 11-12-2025.

A porção de terra expropriada por Israel equivale a aproximadamente 260 campos de futebol — 1.800 dunums — uma área que inclui terras privadas, terras agrícolas, residências e partes de um sítio arqueológico bem conhecido. "Esta é uma medida de grande alcance que impacta diretamente a vida das famílias locais e a integridade de um patrimônio histórico e cultural único", escreve a Pro Terra Sancta. A cidade abriga ruínas importantes que datam dos tempos bíblicos, romanos, bizantinos, muçulmanos e otomanos. Assim, o próprio sítio arqueológico é parte integrante do vilarejo, de suas tradições e de sua economia, em grande parte baseada nos olivais agora ameaçados. "Separar a área arqueológica do tecido urbano e agrícola", argumenta a ONG, "significa romper um vínculo secular e privar centenas de famílias de sua principal fonte de renda, comprometendo também as experiências de turismo comunitário desenvolvido nos últimos anos."

Uma parte significativa das terras confiscadas está localizada na Área B (de acordo com a classificação dos Acordos de Oslo), onde a população palestina desenvolveu sua vida civil, construindo moradias, cultivando oliveiras e tentando manter uma vida cotidiana digna, apesar da crescente fragmentação do território devido ao surgimento cada vez maior de novos assentamentos israelenses. Entre as áreas afetadas está também o único espaço de acolhimento acessível da aldeia, com duas salas — uma delas adaptada para cadeirantes — que agora corre o risco de ser demolido, juntamente com as propriedades de inúmeras famílias. O espaço havia sido criado, com grande esforço e cuidado, pela Pro Terra Sancta, em parceria com o Mosaic Centre. "Eu trabalho na casa de hóspedes do Mosaic Centre em Sebastia e, junto com minha família, vivo dessas terras", relata Shady Al-Shaer, um morador local. "A decisão de confiscar cerca de 1.800 dunums impede muitos de nós de chegar e cultivar nossos campos." Nessas áreas, existem oliveiras que nossas famílias cuidam há gerações: são árvores das quais depende nosso sustento diário, herdadas de nossos pais e avós. Perdê-las significa perder parte de nossa história e identidade, bem como nossa principal fonte de renda."

A tranquilidade da aldeia também é perturbada pelas incursões militares israelenses cada vez mais frequentes: "As forças de ocupação", afirma Shady Al-Shaer, "entram na aldeia quase todos os dias. Cada incursão traz pânico e medo: as lojas têm que fechar, a vida para, as famílias têm dificuldades até para conseguir os alimentos básicos. Nossos filhos teriam o direito de brincar e praticar esportes como qualquer outra criança, mas muitas vezes somos obrigados a cancelar ou adiar atividades porque temos que esperar horas para que os soldados vão embora." Isso, portanto, gera grande insegurança nas crianças mais novas e afeta profundamente seu desenvolvimento. Daí o apelo: "Queremos viver nesta terra em paz, como todos os povos do mundo. Pedimos apenas para poder continuar cultivando nossas terras" e "para poder criar nossos filhos aqui, em nossa aldeia, sem medo", conclui Shady Al-Shaer.

Há quase 20 anos, a Pro Terra Sancta atua em Sebastia em colaboração com o Mosaic Centre e instituições locais para valorizar o sítio arqueológico, por meio do envolvimento direto dos moradores.

Hoje, mais do que nunca, a Pro Terra Sancta reitera sua disposição de apoiar a comunidade "em qualquer iniciativa pacífica que vise defender a terra, a história e a dignidade de um território profundamente ferido, mas ainda capaz de testemunhar uma possível convivência".

"Sebastia pertence a todos: não é apenas um sítio arqueológico", continua o comunicado, "é uma aldeia viva, composta por famílias, crianças, olivais e memórias compartilhadas por cristãos e muçulmanos".

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