“Os próximos dias serão decisivos”: a Espanha enfrenta o retorno da peste suína africana

Fonte: Reprodução | Youtube

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05 Dezembro 2025

Com o aumento dos casos de peste suína africana na Catalunha, o exército foi mobilizado para tentar conter a propagação e proteger um setor fundamental da economia espanhola.

A reportagem é de Romain Chauvet, publicada por Reporterre, 04-12-2025. A tradução é do Cepat.

Desde 28 de novembro, pelo menos nove casos de peste suína africana (PSA) foram confirmados em javalis encontrados mortos no Parque de Collserola, perto de Barcelona. O acesso ao maior parque natural da região foi fechado e uma corrida contra o tempo está em curso para limitar a propagação da PSA.

Mais de cem membros da Unidade Militar de Emergência (UME) espanhola foram mobilizados para a área para apoiar os cerca de 300 agentes catalães já em campo. A União Europeia também enviou uma equipe de veterinários especializados como reforço, e um perímetro de segurança de 20 quilômetros foi estabelecido ao redor da área.

“Os próximos dias serão decisivos”, explica José Ángel Barasona, coordenador do Centro de Vigilância em Saúde Veterinária (Visavet) da Universidade Complutense de Madri. “Veremos se conseguimos conter este surto ou se, infelizmente, o vírus se espalhou para além desta área. Se for esse o caso, o problema será muito mais grave”.

Doença altamente contagiosa

Por enquanto, todos os casos confirmados e sob investigação são originários do Parque Collserola. Análises também foram realizadas em 39 granjas de suínos na área circundante e deram negativo. Inofensiva para humanos, a peste suína africana (PSA) é, no entanto, altamente contagiosa entre suínos e javalis, onde as taxas de mortalidade podem chegar a 100%. Atualmente, não existe vacina para esta doença.

Embora a Espanha não registrasse casos de peste suína africana (PSA) há mais de trinta anos, José Ángel Barasona acredita que era apenas uma questão de tempo até que a doença reaparecesse no país. “Não é uma grande surpresa, visto que já vimos casos semelhantes na Bélgica, na Suécia e até mesmo em Roma. A questão era simplesmente quando e onde isso aconteceria”, explica o especialista.

Um importante setor econômico

Desde a descoberta dos primeiros casos, o temor tem sido imenso na Espanha, o terceiro maior produtor mundial de carne suína e derivados. O país exporta 2,77 milhões de toneladas anualmente para mais de cem países.

Alguns países, como o Brasil, o Canadá e os Estados Unidos, já suspenderam todas as importações de carne suína da Espanha, enquanto outros, como a China, principal importadora de carne suína catalã, aplicam essa restrição apenas à região de Barcelona. A França, por sua vez, recomendou que seus cidadãos não tragam mais produtos de origem suína da Espanha para limitar a transmissão do vírus.

“Já estamos falando de uma crise grave que será muito longa”, reagiu Oriol Rovira, agricultor e coordenador regional da União dos Agricultores da Catalunha. Ele destacou que a proibição de exportação pode durar vários meses devido às restrições rigorosas ligadas à alta transmissibilidade da doença.

Na Catalunha, a indústria suína sozinha representa quase 40% da produção agrícola regional e gera aproximadamente € 3 bilhões em receita. O governo catalão já estima que as perdas podem chegar a 1 bilhão de euros.

“Este é um grande golpe para os agricultores

“Este é um grande golpe para os agricultores, mas também para a sociedade como um todo em termos de empregos ligados a este setor. Teremos que trabalhar em um plano de ajuda assim que a situação se estabilizar”, antecipa Oriol Rovira, que também questiona as medidas de prevenção.

“Demonstramos repetidas vezes a necessidade de uma melhor gestão da vida selvagem, especialmente através de um maior controle da superpopulação de javalis, mas não houve nenhuma ação por parte do governo”, explica. “Acredito que, se medidas tivessem sido tomadas, poderíamos ao menos ter reduzido os riscos”.

Uma investigação sobre a origem do surto ainda está em andamento, mas as autoridades espanholas suspeitam que alimentos abandonados e contaminados sejam responsáveis pelo ressurgimento da doença.

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