Trump anuncia que “muito em breve” terão início “operações terrestres” contra supostos “traficantes de drogas venezuelanos”

Foto: Daniel Torok/White House

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28 Novembro 2025

O presidente dos EUA, após 83 execuções extrajudiciais no Caribe e no Pacífico Oriental em 21 ataques contra supostos barcos de narcotráfico, anuncia uma nova escalada militar na região, onde mobilizou 15 mil soldados, além de navios e um porta-aviões.

A reportagem é de Andrés Gil, publicada por El Diario, 28-11-2025.

Durante uma reunião de Ação de Graças com comandantes militares, o presidente dos EUA aproveitou a oportunidade para aumentar a pressão militar sobre a Venezuela e o governo de Nicolás Maduro. Após 21 ataques que resultaram em 83 execuções extrajudiciais no Caribe e no Pacífico Oriental, Donald Trump anunciou: “Nas últimas semanas, temos trabalhado para deter os narcotraficantes venezuelanos, e são muitos. Eles não estão mais chegando tantos por mar. Eles enviam seu veneno para os Estados Unidos, onde mata centenas de milhares de pessoas todos os anos. Mas vamos lidar com essa situação. Já estamos fazendo muito. Interrompemos cerca de 85% dos carregamentos por mar. E também começaremos a interrompê-los por terra. É mais fácil por terra, e isso começará muito em breve. Estamos avisando: parem de enviar veneno para o nosso país.”

Algumas semanas atrás, o Senado dos EUA votou uma resolução — a Resolução sobre Poderes de Guerra (WPR, na sigla em inglês) — que buscava impedir um ataque à Venezuela, exigindo autorização do Congresso para a guerra. Essa votação rejeitou a Resolução 49 por 51, mas com a reabertura da Câmara dos Representantes após a paralisação do governo, uma nova resolução foi apresentada para votação em meados de dezembro. Essa nova resolução não menciona explicitamente um ataque à Venezuela, mas sim aos cartéis de drogas, o que pode se revelar um erro tático, visto que os republicanos demonstram muito menos preocupação com as execuções extrajudiciais de supostos “narcoterroristas” do que com o lançamento de uma operação para derrubar Maduro.

Em relação aos alegados barcos de tráfico de drogas, vários senadores democratas estão exigindo a divulgação do suposto relatório do Departamento de Justiça que, supostamente, concede cobertura legal para ataques no Caribe e no Pacífico.

Existem muitas questões legais em torno disso, já que a base jurídica do relatório, conforme publicado na terça-feira pelo The Guardian, é a de que se trata de um mecanismo de defesa regional contra a ameaça representada pelos cartéis a países aliados como o México, e que a violência é financiada por carregamentos de drogas. Esse argumento difere do da Casa Branca, pois não é o que Trump usa em suas aparições públicas, quando sempre afirma que os ataques visam impedir a entrada nos EUA de carregamentos de drogas "que poderiam matar até 25.000 americanos".

E o governo Trump continua sem apresentar qualquer prova do que alega em relação a nenhum dos 21 ataques cometidos desde 2 de setembro.

“Poucas decisões são tão consequentes para uma democracia quanto o uso de força letal. Portanto, acreditamos que a desclassificação e a divulgação deste documento são essenciais para fortalecer a transparência no uso de força letal por nossas Forças Armadas e necessárias para garantir que o Congresso e o povo americano estejam plenamente informados sobre a justificativa legal por trás desses ataques”, escreveram os senadores democratas na carta enviada à Procuradora-Geral Pam Bondi e ao Secretário de Defesa Pete Hegseth, solicitando a desclassificação e a divulgação do parecer elaborado pelo Gabinete de Assessoria Jurídica (OLC) do Departamento de Justiça.

Entretanto, foi noticiado nas últimas horas que Trump pode estar disposto a dialogar com Maduro, segundo o Axios. Essa notícia surge em paralelo à designação de Maduro como terrorista, especificamente como membro do suposto Cartel dos Sóis, uma organização obscura usada por Washington para reforçar seu controle sobre os líderes venezuelanos. Coincide também com o fato de o General Dan Caine, estrategista militar por trás da operação de Trump para cercar a Venezuela, ter viajado para Trinidad e Tobago e Porto Rico, onde até 10.000 soldados, marinheiros e pilotos estão estacionados em bases militares reformadas que haviam sido abandonadas por duas décadas.

Ao mesmo tempo, o contexto em que a administração Trump opera é que 70% dos cidadãos americanos se opõem a uma intervenção militar na Venezuela, de acordo com uma pesquisa da CBS.

“Eu poderia falar com ele, estamos discutindo isso com as diferentes equipes”, disse Donald Trump na terça-feira, “talvez falemos com a Venezuela. Se pudermos fazer as coisas do jeito mais fácil, perfeito. E se tivermos que fazer do jeito mais difícil, tudo bem também. Não vou dizer qual é o objetivo. Vocês provavelmente já sabem. Eles causaram muitos problemas e enviaram milhões de pessoas para o nosso país.”

Nesse contexto, o presidente da República Dominicana, Luis Abinader, anunciou nesta quarta-feira que autorizou o governo dos Estados Unidos a operar em áreas restritas do país caribenho em sua suposta luta contra embarcações de narcotráfico.

Dessa forma, os Estados Unidos poderão reabastecer aeronaves e transportar equipamentos e pessoal técnico em áreas restritas dentro da base aérea de San Isidro e do Aeroporto Internacional Las Américas, afirmou Abinader, que fez o anúncio acompanhado pelo Secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth.

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