Por que parece que o tempo passa tão depressa? Artigo de Leonardo Boff

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24 Novembro 2025

Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz, que é o equilíbrio do movimento e fruto da justa medida em todas as nossas atividades.

O artigo é de Leonardo Boff, ecoteólogo e Membro da Comissão Internacional da Carta da Terra, autor de Opção Terra (Record, 2009) e Habitar a Terra (Vozes, 2021).

Eis o artigo. 

Quase todos fazemos a experiência de que tudo está passando depressa demais. Já estamos próximos do Natal, logo depois vêm as festas de fim de ano, o carnavel e assim outras datas. Esse sentimento é ilusório ou tem base real?

Há uma acirrada discussão entre os cientistas, especialmente físicos e climatologos, que essa sensação não possui base científica. Estes geralmente se movem ainda dentro do velho paradigma que não considera a interação de tudo com tudo, como o demonstrou a física quântica e foi assumida pela ecologia integral do Papa Francisco em sua encíclica: Sobre o cuidado da Casa Comum (2015) e ecologia em geral.

Outro grupo de pesquisadores, no entanto, que assumem o novo paradigma holístico, como os do HeartMath Institute, acolhem a hipótese de que o sol e a atividade geomagnética influenciam a vida humana e a de todos os seres vivos. É neste contexto que se coloca a influência da Ressonância Schumann para aclarar a sensação de que tudo passa tão rápido.

O físico alemão W.O. Schumann constatou em 1952 que a Terra é cercada por um campo eletromagnético poderoso que se forma entre o solo e a parte inferior da ionosfera, cerca de 60-100 km acima de nós. A Terra e a ionosfera agem como uma imensa caixa ressonante mais ou menos constante, da ordem de 7,83 pulsações por segundo. Funciona como uma espécie de marca-passo, responsável pelo equilíbrio da biosfera, condição comum de todas as formas de vida. Verificou-se também que todos os vertebrados e o nosso cérebro são dotados da mesma frequência de 7,83 hertz.

Empiricamente fez-se a constatação de que não podemos ser saudáveis fora dessa frequência biológica natural. Sempre que os astronautas, em razão das viagens espaciais, ficavam fora da atividade eletromagnética terrestre e da ressonância Schumann, sentiam-se enfraquecidos. Após a viagem espacial deviam repousar por algum tempo até recuperar seu equilíbrio. Mas submetidos à ação de um simulador Schumann recuperavam o equilíbrio e a saúde.

Por milhares de anos as batidas do coração da Terra tinham essa frequência de pulsações e a vida se desenrolava em relativo equilíbrio ecológico. Ocorre que a partir dos anos 80, e de forma mais acentuada a partir dos anos 90 até hoje, a frequência passou de 7,83 para 9, 11, 13 e mais hertz por segundo. O coração da Terra disparou.

Então muitos pesquisadores, entre as várias influências solares e eletromagnéticas que a Terra está constantemente submetida, incluíram também a Ressonância Schumann. Afirmam que está bem estabelecido que a dimensão cerebral e cardiovascular e o sistema nervoso autônomo são afetados. Afirmam que não é de estranhar que coincidentemente ocorram desequilíbrios ecológicos e sociais: o aquecimento global da Terra, eventos extremos, com secas severas e grandes inundações pelo excesso de chuvas, maior atividade dos vulcões, crescimento de tensões e conflitos no mundo e aumento geral de comportamentos desviantes nas pessoas, entre outros. Devido à aceleração geral, a jornada de 24 horas continua sendo de 24 horas, mas na verdade, a percepção é como se fosse de somente 16 horas. Portanto, a sensação de que tudo está passando rápido demais não é ilusória, mas teria base real nesse transtorno dos campos eletromagnéticos e da Ressonância Schumann.

Os dados do Painel Intergovernamental para as Mudanças Climáticas e assumidos pelas várias COPs revelam que estão ocorrendo eventos extremos, o crescimento global do planeta, chegando neste ano a 1,7ºC, quando se previa que até 2030 chegaria a 1,5ºC.

Não podemos mais parar a roda, apenas desacelerá-la mediante um processo de precaução, prevenção, adaptação e de minoração dos efeitos nocivos. Haverá, se não mudarmos de rumo civilizatório, grandes dizimações de espécies e milhões de pessoas poderão correr risco de vida.

A Terra é Gaia, quer dizer, um super-organismo vivo que articula o físico, o químico, o biológico e o antropológico de tal forma que ela se torna benevolente para com a vida. Agora ela não consegue sozinha se autorregular. Temos que ajudá-la, mudando o padrão de intervenção na natureza, de produção e de consumo. Caso contrário, poderemos conhecer o destino dos dinossauros. Nós, seres humanos, somos aquela porção da Terra que sente, pensa, ama, cuida e venera. Temos o imperativo ético, bem expresso no livro do Gênesis (2,15) de guardar e cuidar da Casa Comum.

Esse imperativo deve começar por nós mesmos: fazer tudo sem estresse, com mais serenidade, com mais amor, que é uma energia cosmica e essencialmente harmonizadora. Cientistas desta área testemunham que as pessoas que se alinham à Ressonância Schumann normal (7,83 hertz) se mostram mais cordiais, cuidadosas e compassivas.

Precisamos respirar juntos com a Terra, para conspirar com ela pela paz, que é o equilíbrio do movimento e fruto da justa medida em todas as nossas atividades.

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