Newman, "Doutor da Igreja"

Foto: Marcin Mazur/CBCEW | Vatican Media

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04 Novembro 2025

A proclamação de John Henry Newman como "Doutor da Igreja" no último sábado levanta uma série de questões históricas, ecumênicas e eclesiais que envolvem o Papa Leão XIV e, em alguns aspectos, toda a Igreja Católica Romana.

A informação é de Andrea Sandri, em artigo publicado por L'Adige, 03-11-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Nascido em Londres em 1801, em uma família anglicana, estudou teologia e foi ordenado sacerdote em 1824. Em 1833, tornou-se líder do Movimento de Oxford, que visava reconduzir a Igreja da Inglaterra às suas raízes católicas originárias, quando foi fundada em 1533, após um conflito acirrado entre o Papa Clemente VII e o Rei Henrique VIII. Em 1845, Newman ingressou na Igreja Católica. Mais tarde, em Roma, voltou a estudar teologia e, em 1847, foi ordenado sacerdote. Em 1879, Leão XIII o nomeou cardeal. Faleceu onze anos depois. E foi canonizado por Francisco em 2019.

Essa breve nota biográfica não destaca imediatamente seu carisma teológico, pelo qual agora o pontífice reinante o define como "Doutor da Igreja", ou seja, uma personalidade que se distinguiu — como muitos outros agraciados com esse título ao longo da história — por seu profundo conhecimento teológico e santidade de vida: "A imponente estatura cultural e espiritual de Newman servirá de inspiração para novas gerações com corações sedentos pelo infinito, prontas para empreender essa jornada que, como diziam os antigos, nos leva per aspera ad astra, isto é, através das dificuldades até às estrelas".

No passado os "Doutores" eram considerados teólogos, orientais e ocidentais, do primeiro milênio; mais recentemente, personalidades dos séculos recentes começaram a ser incluídas entre eles. O fato de essa lista incluir apenas homens, e não mulheres, foi provocando crescente constrangimento após o Concílio Vaticano II. Assim, em 1970, Paulo VI criou o título de "Doutor da Igreja" para duas santas: Catarina de Siena (+1380) e a espanhola Teresa de Ávila (+1582); a elas, o Papa Wojtyla, em 1997, acrescentou a francesa Teresa do Menino Jesus (+1897), e Bento XVI, em 2012, a mística alemã Hildegarda de Bingen (+1179). O fato de essas mulheres terem recebido o título de "Doutor", e não de "Doutora", incomodou algumas feministas. Leão disse estar satisfeito em receber a delegação oficial da Igreja da Inglaterra, liderada por Stephen Cottrell, Arcebispo de York. E acrescentou: "Após o histórico encontro de oração com Sua Majestade o Rei Charles III, celebrado há alguns dias na Capela Sistina, a vossa presença hoje expressa a alegria compartilhada pela proclamação acontecida." Mas a Delegação assistia a uma "promoção" de Newman, primeiro anglicano e posteriormente convertido ao catolicismo.

E em 3 de outubro passado, uma mulher, Sarah Mullally, havia sido eleita. Arcebispa de Canterbury: uma escolha que cria uma distância com o papado que São John Henry terá dificuldade em preencher. Talvez seu humor britânico o ajude. Conta-se, de fato, que em uma recepção solene, ele foi convidado a brindar a Pio IX. Ao que teria respondido: "Não, primeiro brindo à minha consciência, depois ao Papa".

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