26 Setembro 2025
O compromisso frustrou as expectativas, mas o país se beneficia do negacionismo dos EUA e da falta da NDC da União Europeia.
A reportagem é publicada por climaInfo, 26-09-2025.
Cercadas de grande expectativa, as metas climáticas anunciadas pela China na 4ª feira (24/9) foram um balde de água fria diante da urgência de se acelerar o combate às mudanças do clima. Mas há quem veja o lado “meio cheio” do copo climático chinês. Sobretudo por causa dos sinais dados nesta semana na cúpula climática da ONU por outros grandes emissores de gases de efeito estufa.
O maior incentivador,, por paradoxal que pareça, à liderança climática da China é o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O NY Times destacou a ausência do país no encontro onde a China e outros países anunciaram seus compromissos de redução de emissões. Sem falar no show de horrores negacionistas do “agente laranja” em seu discurso na Assembleia Geral.
A União Europeia não fugiu do debate. Criticou a pouca ambição da NDC chinesa, informam Reuters e Euractiv. Mas deixou um vácuo para quem esperava sua meta climática em Nova York. O bloco continua batendo cabeça nessa definição, que já foi jogada para outubro. Para o Climate Home, o vacilo da UE e as metas fracas da China ameaçam o cumprimento do Acordo de Paris.
O Down to Earth lembra que o anúncio chinês de uma meta absoluta de redução de emissões é inédito para o país, o que é positivo. Antes, a China se concentrava em metas de intensidade, similar a outras economias emergentes, como a Índia. Ainda assim, o compromisso decepciona vindo de um país que tem poder tecnológico e financeiro para buscar caminhos de baixo carbono.
O ineditismo da NDC chinesa também é destacado por Antony Currie na Reuters. Mas, em vez de frustração com os percentuais, ele acredita que a timidez no papel deverá ser facilmente superada na prática do país asiático.
“As esperanças de que a China se posicionasse como líder no combate ao aquecimento global pareceram ser abaladas quando Xi disse que o país reduziria suas emissões em míseros 7% a 10% (em relação ao pico, que analistas projetam que deverá ocorrer até 2030). Mas isso parece um caso claro de promessas conscientemente insuficientes para entregar mais”, avaliou. A ver.
Reuters, Bloomberg, Axios e Reuters também repercutiram as metas climáticas chinesas.
A distopia estadunidense continua. Em evento do NY Times, o secretário de Energia dos EUA, Chris Wright, disse que outros países deveriam seguir o exemplo dos Estados Unidos e se retirar do Acordo de Paris. Reproduzindo as mentiras de seu chefe laranja, Wright afirmou que os apoiadores do pacto histórico “se tornaram um clube de pessoas que perderam de vista os interesses de seu próprio povo”.
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