Trump e seus aliados declaram guerra à “esquerda radical”

Donald Trump (Fonte: Reprodução | Youtube)

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13 Setembro 2025

O presidente Donald Trump e uma ampla gama de seus aliados usaram o assassinato do líder ultraconservador Charlie Kirk para declarar guerra à esquerda e a outros opositores nos Estados Unidos.

A reportagem é de David Brooks e Jim Cason, publicada por La Jornada, 12-09-2025. A tradução é do Cepat.

Trump elogiou Kirk como uma figura heroica que defendeu tudo o que há de mais sagrado nos Estados Unidos. “Durante anos, aqueles da esquerda radical compararam estadunidenses maravilhosos como Charlie a nazistas e aos piores assassinos em massa e criminosos do mundo”, declarou Trump, na quarta-feira, logo após o assassinato. “Esse tipo de retórica é diretamente responsável pelo terrorismo que estamos vendo em nosso país hoje”. Acrescentou que “a violência da esquerda radical prejudicou muita gente inocente e tirou muitas vidas”. Em sua mensagem, afirmou que perseguirá todas as pessoas e organizações responsáveis por essa violência.

Ele usou o termo “esquerda radical” contra quase todos os opositores, do ex-presidente Joe Biden a manifestantes nas ruas. Na quinta-feira, seu ex-estrategista político e figura-chave do movimento de direita, Steve Bannon, declarou que Charlie Kirk é uma baixa da guerra. Estamos em guerra neste país”.

Katie Miller, esposa do principal conselheiro do presidente Trump, Stephen Miller, repetiu o que parece ser a nova mensagem conservadora que está sendo usada em torno do assassinato: “Chamaram-nos de Hitler, nazistas e racistas. Vocês têm sangue nas mãos”.

O supremacista branco Matt Forney comparou o assassinato de Kirk ao incêndio do Reichstag, em 1933, que foi usado por Hitler para tomar o poder. “É o momento para uma repressão total à esquerda. Todo político democrata deveria ser preso e seu partido proibido”.

Laura Loomer, uma comentarista influente e conselheira íntima de Trump, afirmou nesta quinta-feira: “todos os grupos de esquerda que financiam protestos violentos devem ser fechados e processados”.

Trump destacou que Kirk tinha viajado “alegremente pelo país, dialogando com todos”, promovendo a liberdade e a justiça. Construiu um movimento de jovens conservadores em todo o país e foi fundamental na eleição do republicano.

Contudo, a realidade é que Kirk foi um fomentador explícito do ódio racista e xenófobo. “O Islã é a espada que a esquerda está usando para cortar a garganta da América”, afirmou recentemente em um discurso. Frequentemente, propunha que as pessoas que discordassem dele deveriam ser deportadas. Em uma citação, defendeu que “os nazistas não foram objetivamente maus” e, em outra ocasião, declarou que o reverendo Martin Luther King Jr. era “horrível”.

De momento, os motivos do assassino são desconhecidos. Embora o presidente tenha declarado imediatamente e sem maiores informações que os responsáveis pelo crime eram o que ele chama de “esquerda radical”, as principais figuras democratas do país, juntamente com organizações civis, condenaram o assassinato e pediram o fim de toda a violência política nos Estados Unidos.

O jornalista Mehdi Hasan relatou, ontem, que nos fatos a violência política mais extrema veio da direita. Citou como exemplos que foi um simpatizante de Trump que assassinou uma deputada estadual democrata e seu marido, em Minnesota, em junho; o homem acusado de incendiar a casa do governador democrata da Pensilvânia, em abril, era um trumpista, e o homem que enviou bombas caseiras para as casas de Barack Obama, Joe Biden e Hillary Clinton, alguns anos atrás, era um simpatizante de Trump.

Alguns comentaristas também lembram que o ato de violência política sem precedentes na história do país foi uma tentativa de golpe de Estado, com ataque violento no Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, incitado por Trump. Durante aquele episódio, foram simpatizantes do mandatário que tentaram enforcar seu vice-presidente e procuraram a presidenta da Câmara baixa para sequestrá-la.

Nos últimos anos, debateu-se o perigo de que a polarização política dos Estados Unidos possa levar ao aumento da violência em um país com a população mais armada do mundo. Ao mesmo tempo, Trump está ameaçando enviar tropas militares para outras cidades, após mobilizar forças armadas em Los Angeles e Washington, D.C., todos lugares governados por seus opositores.

E esta disputa se estende internacionalmente. Nesta quinta-feira, o subsecretário de Estado, Christopher Landau, ameaçou punir, incluindo a negação de vistos, estrangeiros que “elogiam, racionalizam ou zombam” da morte de Charlie Kirk.

Trump ordenou que as bandeiras sejam hasteadas a meio mastro, e seu vice-presidente, JD Vance, está acompanhando o corpo de Kirk e sua família de Utah para retornar à sua casa no Arizona.

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