Gaza, o apelo do Papa: "Não à punição coletiva e ao deslocamento forçado da população"

Foto: Ali Jadallah/Anadolu Ajansi

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28 Agosto 2025

Leão XIV endossa a mensagem de Pizzaballa e Teófilo e pede a libertação dos reféns israelenses, um cessar-fogo permanente e a entrada de ajuda humanitária. Parolin: "Há pouca esperança de que a evacuação seja interrompida; os ortodoxos já receberam a ordem".

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 27-08-2025.

"Protejam os civis", abstenham-se de praticar atos de "punição coletiva", evitem o "uso indiscriminado da força" e o "deslocamento forçado da população": no dia seguinte ao apelo dramático do Cardeal Pierbattista Pizzaballa e do Patriarca Teófilo, Leão XIV apelou para pôr fim à tragédia na Faixa de Gaza. O Papa pediu a libertação de todos os reféns, um cessar-fogo permanente e a entrada de ajuda humanitária.

“Libertação de reféns e cessar-fogo”

"Na sexta-feira passada, com oração e jejum, acompanhamos nossos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra", disse o Pontífice, nascido em Chicago, ao final da audiência geral de quarta-feira. "Hoje, retorno para fazer um forte apelo tanto às partes envolvidas quanto à comunidade internacional para que ponham fim ao conflito na Terra Santa, que — enfatizou — causou tanto terror, destruição e morte. Imploro que todos os reféns sejam libertados, que um cessar-fogo permanente seja alcançado, que a entrada segura da ajuda humanitária seja facilitada e que o direito humanitário seja plenamente respeitado", disse o Papa, sob os aplausos dos fiéis reunidos na Sala Nervi.

"Em particular", continuou Prevost, "a obrigação de proteger os civis e a proibição de punições coletivas, do uso indiscriminado da força e do deslocamento forçado de populações. Associo-me à declaração conjunta dos Patriarcas Ortodoxos Gregos e do Patriarca Latino de Jerusalém, que ontem pediram o fim desta espiral de violência, o fim da guerra e a prioridade do bem comum de todos os povos", continuou Leão, recebendo aplausos renovados. "Imploramos a Maria, Rainha da Paz, fonte de consolação e paz, por sua intercessão: que ela obtenha reconciliação e paz naquela terra tão querida a todos".

Ordem de evacuação para cristãos ortodoxos

"Não há muita esperança" de que o governo israelense recue em seu plano de evacuação da Cidade de Gaza, disse o Cardeal Pietro Parolin, que informou que a paróquia ortodoxa já recebeu a ordem de evacuação. "O Patriarca [Pierbattista Pizzaballa, org.] me disse que hoje pediram aos fiéis da paróquia ortodoxa que deixem Gaza", disse Parolin quando questionado por jornalistas à margem da missa que celebrou na Basílica de Santo Agostinho, no Campo Marzio, em Roma, para a festa de Santa Mônica. Ainda há esperança de que a evacuação não aconteça? "É difícil dizer", respondeu o Secretário de Estado do Vaticano. "Insistimos nisso, mas o que exatamente pensa o governo israelense? Parece-me que até agora não demonstrou intenção de recuar. Nesse sentido, talvez não haja muita esperança: esperemos que algo mude".

"Interesses contra a paz"

O Secretário de Estado do Vaticano, que nos últimos dias se declarou "atordoado" com o que está acontecendo em Gaza, enfatizou que a Santa Sé quer "proteger a todos; não queremos proteger apenas os cristãos". Parolin fez referência à declaração do Papa na audiência geral e à declaração conjunta dos Patriarcas Pizzaballa e Teófilo para enfatizar o apelo contra "o deslocamento da população de Gaza". Permanecer "é uma escolha corajosa, e não sei como isso pode ser alcançado. Eu me pergunto como eles conseguirão ficar lá se houver uma ordem de evacuação e se houver controle terrestre total do território", disse o Secretário de Estado. "Eu realmente não sei como seu desejo de permanecer será realizado. Cada um decidirá com base em suas próprias ideias e crenças".

Segundo o cardeal veneziano, "tudo depende da vontade política: há muitas soluções, soluções que podem realmente pôr fim a esta situação, mas, infelizmente, também há muitos interesses em jogo — os interesses de indivíduos e grupos que se opõem a essas soluções e levam a esses resultados". Esses interesses, afirmou Parolin simplesmente, "podem ser políticos, econômicos, de poder ou hegemônicos, que estão interligados e impedem uma solução humana para esta tragédia". A Santa Sé está "sempre em contato com a administração americana", disse Parolin em resposta a uma pergunta, especificando que esses contatos são feitos por meio da embaixada junto à Santa Sé.

A CEI: pare com a barbárie

O Cardeal Matteo Zuppi e toda a presidência da CEI também manifestaram seu apoio às vozes dos Patriarcas Pizzaballa e Teófilo e do Papa: "Unimos nossas vozes às do Papa Leão XIV e dos Patriarcas de Jerusalém para invocar o dom da paz e pedir, com determinação, que a comunidade internacional intervenha prontamente para deter esta barbárie, um massacre sem sentido que está semeando morte, destruição e dor", declara a presidência da Conferência Episcopal Italiana em um comunicado: "Com o Papa, imploramos que todos os reféns sejam libertados, que um cessar-fogo permanente seja alcançado, que a entrada segura de ajuda humanitária seja facilitada e que o direito humanitário seja plenamente respeitado, em particular a obrigação de proteger os civis e as proibições de punições coletivas, o uso indiscriminado da força e o deslocamento forçado de populações". O próximo Conselho Episcopal Permanente, a ser realizado de 22 a 24 de setembro em Gorizia, será dedicado ao tema da paz. Este lugar, especialmente significativo neste momento, é uma região de fronteira marcada pelo diálogo intercultural, ecumênico e inter-religioso. Na terça-feira, 23 de setembro, às 20h, na Piazza Transalpina, será realizado um momento de oração pela paz mundial com os jovens da Itália e da Eslovênia.

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