26 Agosto 2025
"Existem problemas intrínsecos que afetam diretamente a Igreja Romana, que são extremamente complexos e aguardam há meses decisões e decisões do sucessor de Francisco", escreve Luigi Sandri, jornalista italiano, em artigo publicado por L'Adige, 25-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eis o artigo.
Quase quatro meses se passaram desde a eleição de Robert Francis Prevost como pontífice, e espera-se que a qualquer momento Leão XIV, o primeiro Papa norte-americano da história, apresente os destaques de seu programa, que será, sem dúvida, complexo e detalhado, inclusive sobre questões difíceis e controversas.
Na política externa, o novo pontífice — eleito em 8 de maio — deve abordar questões complexas (como o conflito russo-ucraniano e a tragédia de Gaza) que exigem dele algumas palavras desafiadoras. Nesse sentido, na sexta-feira passada, ele convidou todos os fiéis — como também recordou ontem — a dedicarem esse dia ao jejum e à oração, implorando ao Senhor que "enxugue as lágrimas daqueles que sofrem por causa dos conflitos armados em curso".
Mas também existem problemas intrínsecos que afetam diretamente a Igreja Romana, que são extremamente complexos e aguardam há meses decisões do sucessor de Francisco.
Assim que foi eleito, Leão XIV confirmou temporariamente todo o organograma da Cúria, reservando algum tempo para reflexão antes de confirmar ou demitir os atuais líderes. Em Roma, presume-se que Prevost esteja agora fechando o círculo, mantendo alguns líderes nomeados por Francisco ou, em vez disso, demitindo outros.
Em particular, deve-se lembrar que ele foi, por dois anos, prefeito do Dicastério dos Bispos: ou seja, o órgão da Cúria que seleciona os possíveis líderes das diversas dioceses da Igreja Latina (a maior das Igrejas Católicas) e, em seguida, apresenta seu dossiê ao Pontífice, que faz a escolha final.
Outra questão muito importante, levantada no conclave de maio, é a possibilidade de criar um corpo colegiado permanente — composto, por exemplo, por uma dúzia de cardeais da Cúria e do episcopado mundial — que colaboraria permanentemente com o Papa na gestão de toda a estrutura central da Igreja Romana.
A possível criação de tal órgão, que alteraria radicalmente o exercício concreto do papado, é, no entanto, altamente complexa devido às suas consequências teológicas e pastorais. Em particular, muitos se perguntam: esse tipo de "Sínodo permanente" incluirá não apenas cardeais, mas também mulheres? A resposta cabe ao próprio Leão, que, nesse sentido, deve abordar uma questão que há muito tempo preocupa toda a Igreja Católica Romana.
Para serem membros deste Concílio singular, as mulheres precisariam simplesmente ser batizadas, ou essa responsabilidade só seria cumprida se elas também fossem ordenadas como diáconos, padres e bispos? Este nó górdio apresenta a Prevost decisões que não podem mais ser adiadas, se ele finalmente quiser criar um corpo, no coração da Cúria Romana, que não seja meramente chauvinista e patriarcal, mas verdadeiramente representativo de mulheres e homens, escolhidos para ajudar o Bispo de Roma a guiar, em um mundo tão complexo e multifacetado, 1,4 bilhão de fiéis.
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