22 Agosto 2025
Especialistas sugerem que presença menor que nas duas COPs anteriores se deve aos problemas de hospedagem na cidade, mas país não confirma.
A reportagem é publicada por climaInfo, 22-08-2025.
A delegação oficial da China na COP30 será formada por cerca de 100 pessoas, de diferentes ministérios, encabeçados pelo Ministério do Meio Ambiente, apurou a Folha. É pouco mais da metade dos 190 participantes na COP29 em Baku, no Azerbaijão, e bem menos que os 219 da COP28 em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. Além dos enviados dos órgãos públicos, outros membros informais da comitiva chinesa, como empresários e patrocinadores, devem elevar o total a cerca de 1.000 pessoas.
Especialistas sugerem que a queda tem relação com à crise de hospedagem em Belém, mas não foi apresentado um motivo oficial. “Meu entendimento é que eles estão enfrentando os mesmos desafios de hotel que os outros”, disse o diretor do Centro de Clima da China na Asia Society, Li Shuo. “Não vejo como seria possível que centenas deles pagassem centenas de dólares por noite para ficar por duas semanas”.
O governador do Pará, Helder Barbalho, disse que Belém já possui número suficiente de leitos para abrigar a COP30, e que a crise de hospedagem na cidade se resume agora aos abusos dos preços nas diárias cobradas. Num evento em São Paulo, ele contou que tenta mobilizar cinco órgãos públicos para tentar mitigar o problema, informa O Globo.
O impasse da hospedagem será o principal tema da reunião da ONU com o governo brasileiro que ocorrerá hoje (22/8). Responsável pela logística da conferência, o secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, disse ao Valor que apoia a ideia de maior apoio a países menos desenvolvidos e nações insulares para participação na cúpula do clima. Mas foi direto sobre os preços: “Nos pediram uma diária máxima de hotel de US$ 70. Avisamos que isso não vai acontecer. Vai se pagar o que se paga na cidade, de acordo com oferta e procura.”
Se a hospedagem ainda é dor de cabeça, a corrida para deixar Belém pronta para a conferência continua. Um terço dos pavilhões da COP30 já está montado, segundo a Folha, e o governo promete concluir todos até 1º de novembro. E os governos federal e do Pará se reuniram para tratar do planejamento estratégico de segurança e mobilidade, informa a Agência Pará.
Diretora-executiva do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Maria Netto reforçou que a cúpula do clima em Belém é a “COP da Implementação”, o que exige um esforço coordenado, informa o Valor. Para ela, a agenda climática global não pode ser tratada apenas como custo. “US$ 1,3 trilhão por ano [de financiamento climático] é um número grande, mas se pensar em nível global, não é tão grande. O clima tem que ser visto como desenvolvimento”, disse ela durante seminário do projeto COP30 Amazônia, realizado por Valor, O Globo e CBN.
Rafael Dubeux, secretário-executivo adjunto do Ministério da Fazenda, frisou que “não há uma bala de prata” para se atingir os US$ 1,3 trilhão, destacou o Valor. Para ele, avançar em mecanismos para financiar a agenda do clima conecta-se fortemente com a agenda econômica brasileira. Já Ivy Figueroa, senior investment officer da International Finance Corporation (IFC), braço do Banco Mundial focado no setor privado de mercados emergentes, e Marina Grossi, presidente do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), destacaram a necessidade de aumentar a escala do setor privado no financiamento ao clima, de acordo com o Valor.