21 Agosto 2025
A reportagem é de Luis Miguel Modino, publicado por Religión Digital, 20-08-2025.
Os bispos da região amazônica se reuniram em Bogotá de 17 a 20 de agosto, convocados pela Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA). O encontro destacou mais uma vez o compromisso da Igreja na Amazônia em levar "este anúncio do Evangelho de Jesus para descobrir a grande riqueza das culturas indígenas, e também o grande desafio que enfrentamos diante dos efeitos das mudanças climáticas e do desmatamento", como destacou o arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da CEAMA, Cardeal Pedro Barreto, que vê o encontro como um momento de compromisso para trabalhar juntos além das fronteiras.
Um encontro para "escutar, discernir e compartilhar nosso caminho juntos, como pastores das Igrejas Particulares em peregrinação na Amazônia", disse o prelado peruano. Ele também afirmou que "a Igreja com rosto amazônico anuncia Jesus Cristo crucificado e ressuscitado e, por meio da Conferência Eclesial da Amazônia (CEAMA), acompanha e serve as Igrejas Particulares em sua missão evangelizadora". Isso porque "o anúncio, a organização e o compromisso eclesial devem ser acompanhados de um verdadeiro encontro", chamando-nos a não viver como ilhas, a não nos fecharmos em nós mesmos, mas a "amar e ser amados", sinais da "ternura de Jesus, nosso Bom Pastor, que nos chama a participar de sua missão, não por nossos méritos ou pelo tempo que passamos em seu rebanho, mas por sua bondade e misericórdia".
Uma experiência de escuta conectada ao bioma amazônico, nas palavras da vice-presidente da CEAMA, Patricia Gualinga, bem como à realidade dos povos indígenas, às ameaças que enfrentam e à evangelização por meio da inculturação. Uma dinâmica que levou à descoberta de que "todos compartilhamos realidades comuns", segundo a indígena equatoriana, que enfatizou a crise climática, que levou a Amazônia a um ponto sem retorno e que está ligada a muitas violações contra seus povos.
O prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral do Vaticano, Cardeal Michael Czerny, parabenizou a CEAMA pela iniciativa deste encontro de bispos. Ele disse esperar que este encontro seja "um momento de amadurecimento, um novo começo", que produza novos e interessantes insights sobre "como a Igreja continua a se esforçar para acompanhar o Povo de Deus e o grande dom de Deus, a Amazônia".
Um encontro com grande potencial transformador, segundo o bispo auxiliar da Arquidiocese de Manaus e vice-presidente da Conferência Eclesiástica da Amazônia, Dom Zenildo Lima. O bispo brasileiro enfatizou o "cansaço histórico que vivemos nesses contextos tão violentos, tão intolerantes, que produzem e geram relações de rejeição. Por isso mesmo, tão agressivos com a nossa Amazônia, com a ausência de experiências, de espaços de convivência saudáveis e esperançosos".
Segundo o bispo auxiliar de Manaus, “há alguns anos, consciente do seu papel evangelizador, anunciando Jesus Cristo, a nossa Igreja Católica empreendeu esse caminho, um caminho de aproximação, um caminho de construção de novas relações. Um caminho de vivência, de experiência da Igreja a partir de relações que estamos chamando de sinodalidade”. Ele lembrou a importância do Sínodo para a Amazônia de 2019 “como um grande sinal”, que impulsionou o surgimento de novos, com a Conferência Eclesial “tornando visível esse sinal de novas relações, de relações de cuidado, de uma experiência religiosa esperançosa”.
Nessa perspectiva, o bispo enfatizou a importância do entendimento do encontro de que as igrejas locais são "o espaço por excelência para a vivência da sinodalidade" e que é ali que "essas novas experiências estão acontecendo", tornando a Igreja na Amazônia "um grande sinal da presença de Deus ao lado do seu povo, tão ferido por essas relações violentas".
Dom Zenildo Lima enfatizou que foi um encontro de igrejas, visto que "os bispos trouxeram consigo, de suas igrejas locais, o testemunho desta sinodalidade, o testemunho desta novidade". Foi um encontro que nos ajudou a perceber que o Sínodo e a sinodalidade "são uma realidade viva, latente em nossas igrejas", e que o encontro foi uma oportunidade para perceber que "estamos avançando, estamos juntos, somos fortes".
O bispo enfatizou a sabedoria e a compreensão dos povos amazônicos, bem como sua consciência muito clara das relações que estabelecem, tornando-os assim "construtores e líderes da história". Falando na reunião dos presidentes da região amazônica, o bispo disse que "além da correspondência formal que eles podem receber dentro de um protocolo, eles são muito conhecedores dos grandes processos, das grandes tensões, dos grandes desafios e das grandes responsabilidades que têm em mãos".
Dos responsáveis pela governança, disse esperar "capacidade de escolha, de decisão política, de consciência, de vida, de relacionamento, de bioma". O bispo pediu decisões para o bem do povo, visto que "as populações indígenas, os povos tradicionais, aqueles que são os maiores conhecedores da dinâmica deste território, continuam nos guiando, continuam nos inspirando, continuam nos oferecendo os elementos para que o nosso discernimento também seja feito segundo uma grande sabedoria que paira sobre o nosso continente".