21 Agosto 2025
"Aprendi muito na sessão e refletia sobre o impacto que teria em nossas comunidades na Itália se tal forma, obviamente reduzida, pudesse ser organizada em outros contextos, ainda menores, onde essa experiência do SAE, praticada desde tempos imemoriais, pudesse ser reproduzida. Uma experiência viva, de conhecimento, de troca teológica e litúrgica, de fé." Essas são as palavras do teólogo Fabrizio Bosin, da ordem dos Servos de Maria e docente no Marianum, na conclusão do curso de formação ecumênica do SAE (Secretariado para as Atividades Ecumênicas), realizado em Camaldoli de 27 de julho a 2 de agosto, sobre o tema "De Niceia a hoje. Ecumenismo entre memória e futuro".
A reportagem é de Laura Caffagnini, publicada por Riforma, 22-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
São palavras que descrevem perfeitamente a semana, que reuniu membros dos três principais ramos do ecumenismo cristão na Itália — católico, ortodoxo e reformado — incluindo uma boa diversidade do ramo reformado: adventistas, batistas, metodistas, pentecostais e valdenses. Entre estes últimos estava a presidente do SAE, Erica Sfredda, que enfatizou em suas conclusões: "Ao retornarmos aos trabalhos e às alegrias da vida cotidiana, levaremos conosco a riqueza que tantos irmãos e irmãs compartilharam, sua sabedoria e sua competência".
A riqueza, enfatizada por muitos, é a unidade na diversidade, um pilar para o âmbito ecumênico.
“Percebemos claramente que diferimos em nossas visões, sensibilidades, culturas e crenças, mas também sentimos que podemos e, portanto, devemos caminhar juntos em busca do Senhor”.
A admiração dos participantes — de diversas idades e origens — demonstra a eficácia de uma fórmula que combina reflexão teológica, workshops, oração e convívio em um ambiente monástico acolhedor. A floresta do Casentino, um baú aberto de dons inefáveis do amanhecer ao anoitecer, acrescentou beleza à experiência.
A abordagem do tema, partindo do evento de Niceia, passando por uma reconstrução histórica e teológica (Ferrario e Prinzivalli) e uma ponte até os dias atuais (Castellucci, Fasiolo, Vogel), abriu um leque de implicações: a relação entre Escritura e cultura (Simonelli) e entre fé e política (Gajewski, Saccenti), o anúncio na pluralidade cultural (Gutierrez, Laiba, Tadjikam), as reescritas do Símbolo Niceno-Constantinopolitano (Bosin, Tomassone), as implicações existenciais da fé naquele Jesus de Nazaré, "verdadeiro Deus e verdadeiro homem" (Annarilli, Graziano, Marchetti, Pagliacci), a conciliaridade e a sinodalidade (Morandini).
Cristina Simonelli ampliou a interpretação de Niceia como evento "imperial" para a de um concílio que, ao afirmar uma unidade baseada não em um princípio hierárquico, mas na pluralidade, critica a visão patriarcal do império. Império ao qual resistem as vidas dos mártires que testemunham o senhorio único do Kyrios. Letizia Tomassone demonstrou como as reescritas modernas do Credo — como a Confissão de Acra da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas de 2004 — não falam de unidade de fé sem justiça. O Credo também tem relações com a paz, tema do encontro "Um olhar sobre Israel e Palestina" entre Anna Foa e Izzedin Elzir.
Parar o massacre em Gaza, alimentar os famintos, libertar os reféns e promover a construção da paz foram os imperativos que emergiram durante o diálogo moderado por Brunetto Salvarani, presidente da associação Amigos de Neve Shalom/Wahat al Salam. Criar oportunidades de diálogo em nível local, nacional e entre nações em conflito é a opinião do fundador da Escola Florentina de alta formação para o diálogo inter-religioso e intercultural, Rabino Joseph Levi, em discurso na mesa redonda. A Bíblia também é terreno de encontro, um pensamento que emergiu durante a noite sobre a nova Tradução Literária Ecumênica apresentada por Luca Maria Negro e Luca Mazzinghi, da Sociedade Bíblica na Itália.
A sessão foi encerrada com vários votos: o reconhecimento de igrejas por aquelas que ainda são definidas como comunidades eclesiais, a criação na Itália de um órgão estável de consulta entre as igrejas, o desenvolvimento da prática da intercomunhão e da catequese ecumênica.
"Acredito, com Maria Vingiani, que o ecumenismo é, em primeiro lugar, um estilo de vida", concluiu a presidente, ao final de seu mandato, assim como o Comitê Executivo. "Foram quatro anos magníficos pelos quais agradeço ao Senhor. A beleza foram vocês: seus telefonemas, seus e-mails, sua presença nas sessões."