16 Agosto 2025
"Ainda estamos profundamente abalados com o que aconteceu em nossa chegada a Tel Aviv, mas a peregrinação continua. Encontraremos os grupos não violentos israelenses e palestinos com os quais mantemos contato há anos e continuaremos nossa atividade de denúncia das graves injustiças que ocorrem diariamente na Cisjordânia. Ninguém jamais poderá nos silenciar." Na manhã de ontem, D. Giovanni Ricchiuti, presidente nacional da Pax Christi, se conectou ao vivo de Jerusalém à igreja no bairro de Cita di Marghera, onde o aguardava o pároco, Padre Nandino Capovilla, que deveria estar com ele no Oriente Médio justamente nestes dias. Recordando a Marcha dos Quinhentos em Sarajevo, em 1992, Ricchiuti confessou ter um sonho: "Mobilizar milhares de pessoas em direção à passagem de Rafah, na fronteira entre o Egito e a Faixa de Gaza, talvez lideradas pelo Papa Leão XIV, pelo Cardeal Pizzaballa e pelos líderes de outras denominações religiosas, e percorrer todos juntos as ruas de Gaza para parar o massacre".
A reportagem é de Riccardo Michelucci, publicada por Avvenire, 14-08-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Entretanto, a viagem de solidariedade, liderada pelo próprio Arcebispo emérito de Altamura-Gravina-Acquaviva delle Fonti, bateu de frente com as draconianas medidas de segurança do Estado de Israel, que na última segunda-feira expulsou e repatriou o Padre Capovilla em sua chegada ao Aeroporto Ben Gurion. Uma viagem que o pároco de Marghera realiza há mais de vinte anos, no âmbito da campanha internacional "Pontes, não muros", promovida pela Pax Christi com o objetivo de denunciar os abusos do Estado de Israel e levar solidariedade às vítimas dos Territórios Ocupados. "São viagens de formação e de conhecimento que nos permitem desde sempre observar diretamente a situação, entrando em contato com ativistas, comunidades locais e testemunhos de resistência não violenta. Até agora, nunca tinha me acontecido de ser considerado uma ameaça à segurança de Israel", comenta o Padre Nandino, que havia retornado àquela região também depois do 7 de outubro de 2023. Talvez, desta vez, tenha feito a diferença o livro que publicou recentemente, intitulado "Sotto il cielo di Gaza", no qual denuncia abertamente o que está acontecendo na Faixa.
"É uma grande dor para mim não poder estar na Palestina ao lado daqueles que sofrem e não saber quando poderei retornar." Na última segunda-feira, assim que pousou em Tel Aviv, o Padre Capovilla foi detido e mantido por sete horas em uma sala do aeroporto. "Queriam que eu assinasse um formulário de expulsão no qual eu teria que admitir que sou um perigo para a segurança nacional. Obviamente, me recusei a fazer isso. Nosso governo também deveria se recusar, a partir de agora, a assinar acordos com Israel, começando por aqueles que envolvem a venda de armas", disse Capovilla. "A breve privação de liberdade pessoal que sofri não é nada comparada às humilhações diárias às quais milhões de palestinos vêm sendo submetidos há anos, privados da liberdade de ir ao hospital, de se deslocar, de levar uma vida normal." Ele concluiu, por fim: "Se o projeto de lei do governo que proíbe qualquer manifestação sobre a Palestina por ser considerada antissemita for aprovado, apresentarei uma objeção de consciência e irei às ruas mesmo assim."
Enquanto isso, o grupo de peregrinos liderado por D. Ricchiuti se encontrou com os ativistas da Ir Amim, uma ONG israelense que luta contra a destruição das casas palestinas, e visitou Taybeh, o vilarejo a poucos quilômetros de Ramallah, inteiramente habitado por cristãos, que nas últimas semanas foi alvo de repetidos ataques e intimidações por parte dos colonos. Encontros com outros grupos locais de resistência não violenta estão previstos para os próximos dias. Na sexta-feira, o grupo será recebido pelo Patriarca de Jerusalém, Cardeal Pierbattista Pizzaballa.