06 Agosto 2025
O gabinete se pronunciará amanhã sobre a controversa decisão de tomar toda a Faixa de Gaza. O Axios relata: a Casa Branca acredita que "Israel não está distribuindo alimentos adequadamente".
A informação é de por Fabio Tonacci, publicada por La Republica, 06-08-2025.
O plano de tomar toda a Faixa de Gaza — a mais recente iniciativa de Netanyahu para pôr fim a uma guerra da qual não sabe como sair — está gerando conflitos dentro do governo e do aparato israelense. Além do primeiro-ministro, seus apoiadores e os ministros extremistas Smotrich e Ben-Gvir, ninguém gosta da ideia. Certamente não o chefe do Estado-Maior, General Eyal Zamir, que não é um falcão, mas está bem ciente dos riscos da missão e do cansaço de seu exército. O debate público em Israel está focado nisso, enquanto dos Estados Unidos chega um boato, publicado no bem informado site Axios, de que Donald Trump quer assumir o controle da distribuição de ajuda humanitária.
A ocupação total da Faixa de Gaza foi o foco de uma reunião restrita convocada por Netanyahu, da qual participaram o próprio Zamir e os dois ministros, Israel Katz (Defesa) e Ron Dermer (Assuntos Estratégicos). Após três horas, a reunião terminou com o que fontes qualificadas descreveram como "divergências de opinião entre a parte política e o chefe do Exército". Mas um comunicado do gabinete do primeiro-ministro especifica que o general apresentou várias opções para expandir a campanha militar, acrescentando: "As Forças de Defesa de Israel estão prontas para implementar qualquer decisão tomada pelo gabinete de segurança político-militar". Em outras palavras: Zamir discorda, mas obedecerá.
Netanyahu submeterá sua decisão à aprovação do gabinete, provavelmente amanhã às 18h. A ordem é "capturar os campos centrais da Faixa de Gaza e da Cidade de Gaza", ou seja, as áreas onde a inteligência militar acredita que os reféns estejam detidos (20 dos 50 ainda estão vivos), razão pela qual foram menos afetadas pelos ataques até agora. E onde dois milhões de palestinos deslocados sobrevivem em tendas.
Segundo o jornal diário Yedioth Ahronoth, durante a reunião preliminar com o primeiro-ministro, Zamir esclareceu que não havia ameaçado renunciar. Netanyahu agora é chamado a explicar ao público israelense a justificativa para sua decisão, concebida e implementada contra a orientação do comandante das Forças Armadas, que acaba de suspender o estado de emergência de guerra em vigor desde 7 de outubro. É altamente provável que o primeiro-ministro se refira aos vídeos chocantes, divulgados pelo Hamas, dos reféns Evyatar David e Rom Breselavsky, reduzidos a pele e ossos.
Também há atrito dentro do governo israelense, com o ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, escrevendo no X: "O chefe do Gabinete é obrigado a declarar que repetirá as diretrizes do nível político, mesmo que seja tomada a decisão de prosseguir com a conquista de Gaza". Seu Ministro das Relações Exteriores, Gideon Sa'ar, respondeu: "O chefe das FDI é obrigado a expressar sua opinião à classe política. Ele não é obrigado a se submeter às decisões do governo".
Ontem, em Gaza, mais 70 palestinos foram mortos, 52 deles perto de locais administrados pela controversa Fundação Humanitária de Gaza. Pela primeira vez desde que o cessar-fogo foi quebrado, o exército do Estado judaico permitirá a entrada de empresas privadas de Gaza para distribuir alimentos frescos que estão em falta há meses. No entanto, duas autoridades americanas e uma israelense, citadas pelo Axios, revelaram que o governo americano pretende assumir a gestão da ajuda "porque Israel não está fazendo isso adequadamente". As três autoridades informaram que Catar, Jordânia e Egito contribuirão financeiramente para o projeto, que o presidente Trump discutiu diretamente com seu enviado para o Oriente Médio, Steve Witkoff.