05 Agosto 2025
O primeiro-ministro convocou uma reunião do gabinete de segurança para esta terça-feira, na qual levantará a ideia de ocupar toda Gaza, apesar do risco para os reféns, de acordo com fontes do governo israelense.
A reportagem é publicada por El Diario, 05-08-2025.
O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu convocou uma reunião do gabinete de segurança para terça-feira com a intenção de prosseguir com a ocupação total da Faixa de Gaza, de acordo com fontes governamentais na mídia israelense.
"A sorte está lançada: ocuparemos completamente a Faixa de Gaza", disse um alto funcionário do governo extremista ao Yedioth Ahronoth. Outras reportagens locais indicam que Netanyahu usou a ideia de "ocupar a Faixa" com seus ministros para descrever seus planos de expandir as operações militares em Gaza.
"O primeiro-ministro convocará um debate sobre segurança sobre a continuidade dos combates e sua expansão para áreas onde se teme a presença de reféns. As forças de segurança se opõem a manobras em locais onde há reféns, por medo de feri-los", segundo um comunicado obtido pela EFE.
"Haverá operações até mesmo nas áreas onde os reféns estão sendo mantidos. Se o Chefe do Estado-Maior não concordar, ele deve renunciar", disse a mesma fonte, citada pelo Yedioth Ahronoth, referindo-se ao Chefe do Exército Eyal Zamir, diante da oposição do setor de segurança à medida.
Fontes próximas ao governo disseram à EFE que a reunião, marcada para esta terça-feira, do gabinete de segurança, que decide o curso da ofensiva em Gaza e é composto por membros do governo de ministérios relevantes e outros altos funcionários de segurança, ainda não foi finalizada.
Enquanto isso, cinco pessoas morreram de fome na Faixa de Gaza nas últimas 24 horas, segundo dados do Ministério da Saúde, elevando o número total para 180, 93 delas crianças.
Já na tarde de segunda-feira, pouco antes do anúncio, a imprensa local noticiou que o chefe de gabinete, Eyal Zamir, havia cancelado sua visita programada aos Estados Unidos.
Após as intenções do presidente serem reveladas, o Exército respondeu com uma declaração anunciando o cancelamento da extensão do serviço para tropas terrestres regulares, que estava em vigor até 2025.
"Foi decidido dar aos soldados algum espaço de manobra", diz o comunicado, "em vista dos intensos combates em vários setores das forças armadas nos últimos dois anos".
"As decisões foram tomadas pelo Chefe do Estado-Maior, preocupado com a qualidade do serviço dos combatentes e o fortalecimento de seus direitos, tendo em vista sua contribuição às Forças de Defesa de Israel e ao Estado de Israel", diz o comunicado.
Segundo o The Times of Israel, a oposição das Forças Armadas decorre da preocupação de que as milícias palestinas em Gaza executem reféns à medida que as tropas avançam (como aconteceu no final de agosto de 2024 com seis reféns, encontrados em 1º de setembro). Eles também acreditam que destruir a rede do Hamas pode levar anos.
O filho do primeiro-ministro Yair Netanyahu sugeriu nas redes sociais que o chefe do Estado-Maior da Defesa está liderando uma "rebelião e tentativa de golpe" contra seu pai.
A Cogat, agência militar israelense responsável pelos assuntos civis nos territórios ocupados, anunciou na terça-feira que permitirá que comerciantes locais de Gaza tragam mercadorias para a Faixa para "aumentar o volume de ajuda" que chega ao enclave, de acordo com um comunicado.
"Um número limitado de comerciantes recebeu aprovação do setor de defesa, sujeito a critérios específicos e por meio de uma triagem de segurança exaustiva", anunciou o Cogat, atribuindo a decisão ao gabinete de segurança israelense, que inclui membros do governo e outros órgãos relevantes para o gerenciamento da ofensiva contra Gaza.
Esta é a primeira vez que Israel permite que comerciantes de Gaza tragam mercadorias para Gaza desde que o exército quebrou o cessar-fogo em 18 de março, de acordo com o jornal Haaretz.
O Cogat afirma que esta medida visa reduzir "a dependência da coleta de ajuda pela ONU e organizações internacionais", que ele acusa de não irem até o lado de Gaza da fronteira com Israel para coletar e distribuir o conteúdo dos caminhões que seguem para Gaza.
As agências da ONU e essas organizações, por sua vez, denunciam os riscos que suas equipes enfrentam (atravessar zonas de combate) para recolhê-los, bem como os longos tempos de espera que enfrentam nessas áreas até receberem sinal verde das forças armadas para que seus comboios avancem.