29 Julho 2025
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 25-07-2025.
"Migrantes, missionários da esperança". Este é o tema do Papa Leão XIV para o 111º Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que será celebrado nos dias 4 e 5 de outubro, coincidindo com o Jubileu dos Migrantes e do Mundo Missionário. Uma coincidência, buscada pelo Papa Francisco, que "nos oferece a oportunidade de refletir sobre a ligação entre esperança, migração e missão".
Em sua mensagem, Prevost analisa como “o atual contexto global é tristemente marcado por guerras, violência, injustiça e eventos climáticos extremos, que forçam milhões de pessoas a deixar suas terras em busca de refúgio em outros lugares”.
Diante dessa realidade, a tendência anti-imigração de muitos governos "constitui uma grave ameaça à repartição de responsabilidades, à cooperação multilateral, à consecução do bem comum e à solidariedade global em benefício de toda a família humana". A isso se soma "a perspectiva de uma nova corrida armamentista e ao desenvolvimento de novas armas — inclusive nucleares —, uma escassa consideração pelos efeitos nocivos da atual crise climática e pelas profundas desigualdades econômicas" que, na opinião do Papa, "tornam os desafios do presente e do futuro cada vez mais difíceis".
Diante das "teorias de devastação global e de cenários aterradores", o Papa destaca que "é importante que cresça no coração da maioria o desejo de esperar um futuro de dignidade e paz para todos os seres humanos". "Esse futuro é parte essencial do plano de Deus para a humanidade e para o resto da criação", enfatiza.
"Essa conexão entre migração e esperança é claramente evidente em muitas das experiências migratórias atuais", insiste Prevost, acrescentando que "numerosos migrantes, refugiados e deslocados são testemunhas privilegiadas da esperança vivida na vida cotidiana, por meio de sua confiança em Deus e sua resiliência diante da adversidade, olhando para um futuro no qual vislumbram a chegada da felicidade e do desenvolvimento humano integral".
"Num mundo obscurecido por guerras e injustiças, mesmo onde tudo parece perdido, os migrantes e refugiados erguem-se como mensageiros de esperança", sublinha o Papa. "A sua coragem e tenacidade são um testemunho heroico de uma fé que vê além do que os nossos olhos podem ver e que lhes dá a força para desafiar a morte nas várias rotas migratórias contemporâneas", acrescenta, oferecendo uma clara analogia com a experiência do povo de Israel que vagueia pelo deserto, protegido pelo Senhor.
Mas, além disso, "os migrantes e os refugiados recordam à Igreja a sua dimensão peregrina, perpetuamente orientada para alcançar a pátria definitiva, sustentada por uma esperança que é uma virtude teologal". "Toda vez que a Igreja cede à tentação da 'sedentarização' e deixa de ser civitas peregrina, deixa de estar 'no mundo' e torna-se 'do mundo'", adverte Leão XIV.
“Esta é uma tentação já presente nas primeiras comunidades cristãs”, recorda o pontífice, insistindo que “os migrantes e refugiados católicos podem hoje tornar-se missionários de esperança nos países que os acolhem, abrindo novos caminhos de fé onde a mensagem de Jesus Cristo ainda não chegou, ou iniciando diálogos inter-religiosos baseados na vida quotidiana e na procura de valores comuns”.
Eles oferecem "seu entusiasmo e dinamismo espiritual", que contribuem para "revitalizar comunidades eclesiais rígidas e cansadas, onde o deserto espiritual avança lentamente". "Sua presença deve ser reconhecida e apreciada como uma verdadeira bênção divina, uma oportunidade para se abrir à graça de Deus, que dá nova energia e esperança à sua Igreja".
“A presença deles deve ser reconhecida e apreciada como uma verdadeira bênção divina, uma oportunidade para se abrir à graça de Deus, que dá nova energia e esperança à sua Igreja”.
Por outro lado, o Papa convida as comunidades que acolhem essas pessoas a “serem testemunhas vivas da esperança”, uma esperança “entendida como promessa de um presente e de um futuro em que seja reconhecida a dignidade de todos como filhos de Deus”.
“Desta forma, os migrantes e refugiados são reconhecidos como irmãos e irmãs, parte de uma família na qual podem expressar os seus talentos e participar plenamente na vida comunitária”, conclui a mensagem, convidando todos a “construir um mundo que se assemelhe cada vez mais ao Reino de Deus, a verdadeira Pátria que nos espera no final do nosso caminho”.