24 Julho 2025
"Só reduzirei tarifas se um país concordar em abrir seu mercado. Caso contrário, tarifas muito mais altas!", disse o presidente dos EUA, após fechar acordos com a Indonésia e o Japão.
A reportagem é publicada por Página|12, 24-07-2025.
O presidente dos EUA, Donald Trump, disse na quarta-feira que está disposto a reverter as tarifas que ameaça impor a seus parceiros comerciais a partir de agosto, caso eles concordem em remover as barreiras às importações americanas. Trump enfatizou que, caso contrário, eles poderão enfrentar impostos ainda mais altos. A União Europeia (UE) e os Estados Unidos estão supostamente mais próximos de fechar um acordo com tarifas de 15% sobre produtos europeus, em vez dos 30% inicialmente anunciados por Trump, disseram fontes diplomáticas à EFE.
Em sua rede social Truth Social, Trump afirmou: "Sempre abrirei mão de tarifas se conseguir que os principais países abram seus mercados para os Estados Unidos. Outro grande poder das tarifas. Sem elas, seria impossível fazer com que os países se abrissem." O presidente republicano, que desde seu retorno à Casa Branca intensificou sua guerra tarifária anunciando tarifas entre 19% e 50% sobre mais de uma dúzia de países, insistiu: "Sempre, tarifas zero para os Estados Unidos!!!"
I will always give up Tariff points if I can get major countries to OPEN THEIR MARKETS TO THE USA. Another great power of Tariffs. Without them, it would be impossible to get countries to OPEN UP!!! ALWAYS, ZERO TARIFFS TO AMERICA!!!
— Trump Truth Social Posts On X (@TrumpTruthOnX) July 23, 2025
(TS: 23 Jul 09:27 ET)
Trump também comemorou o fato de dois acordos comerciais com a Indonésia e o Japão terem aberto "totalmente e pela primeira vez" seus mercados aos EUA, uma vitória significativa para as empresas dos três países, que "farão uma fortuna". "Só reduzirei tarifas se um país concordar em abrir seu mercado. Se não, tarifas muito mais altas!", afirmou ele no fim de uma série de mensagens destacando a magnitude dos acordos anunciados na terça-feira com Jacarta e Tóquio, sobre os quais imporá tarifas de 19% e 15%, respectivamente, uma redução em relação à ameaça inicial de 32% e 25%.
Trump anunciou e suspendeu o que chama de tarifas "recíprocas" sobre seus parceiros, buscando reduzir o "elevado déficit comercial" dos EUA. Na trégua tarifária, que estava originalmente programada para terminar em 9 de julho e foi prorrogada até 1º de agosto, o governo republicano firmou acordos com seis países: Reino Unido, China, Japão, Vietnã, Indonésia e Filipinas. Sem conseguir chegar a novos acordos, o presidente enviou cartas notificando dezenas de países sobre tarifas que variam de 20% a 50%.
Fontes diplomáticas confirmaram à EFE na quarta-feira que "tudo parece indicar" que a UE e os EUA estão "mais próximos" de um acordo com tarifas de 15% sobre as importações da UE vindas dos Estados Unidos, após a "atmosfera" gerada pelo acordo firmado por Trump com o Japão. De qualquer forma, enfatizaram que a decisão final depende de Trump, de modo que os 27 países europeus continuam avaliando possíveis contramedidas.
Fontes diplomáticas reconheceram que o anúncio do acordo EUA-Japão gerou "algum entusiasmo", sugerindo que o pacto EUA-UE pode sair em breve e que a tarifa atingiria 15%. A Comissão Europeia declarou que a retaliação às tarifas americanas, se necessária em um cenário sem acordo, só entraria em vigor em 7 de agosto.
Trump anunciou há duas semanas que imporia tarifas de 30% sobre produtos da UE a partir de 1º de agosto e, dias depois, o executivo da UE enviou um segundo pacote de medidas retaliatórias no valor de € 72 bilhões (cerca de US$ 84 bilhões) aos estados-membros sobre produtos dos EUA.