Bartolomeu: "Levantamos nossas vozes junto com o Papa Leão para pedir um cessar-fogo imediato e o fim da guerra em Gaza"

Foto: Catholic Church England and Wales/Flickr

Mais Lidos

  • A ideologia da Vergonha e o clero do Brasil. Artigo de William Castilho Pereira

    LER MAIS
  • Juventude é atraída simbolicamente para a extrema-direita, afirma a cientista política

    Socialização política das juventudes é marcada mais por identidades e afetos do que por práticas deliberativas e cívicas. Entrevista especial com Patrícia Rocha

    LER MAIS
  • Que COP30 foi essa? Entre as mudanças climáticas e a gestão da barbárie. Artigo de Sérgio Barcellos e Gladson Fonseca

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

23 Julho 2025

  • Lamentamos este terrível ato contra a Igreja da Sagrada Família, que ocupava um lugar especial no coração do falecido Papa Francisco. Mesmo durante sua hospitalização, ele continuou a telefonar para o padre daquela comunidade desde o início da guerra.

  • Aguardamos nosso encontro com Leão na festa de Santo André e continuamos a implorar ao Espírito Santo que nos guie em direção ao dia em que poderemos nos reunir em torno do mesmo altar.

A reportagem é de Nikos Tzoitis, publicada por Religión Digital, 22-07-2025.

"A unidade dos cristãos se baseia no batismo comum. Não é uniformidade e se nutre da única verdade que devemos compartilhar: a do Evangelho".

Com estas palavras, o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, acolheu neste domingo, 20 de julho, na Igreja de São Jorge no Fanar, sede do Patriarcado Ecumênico, um grupo de peregrinos católicos e ortodoxos a caminho de Niceia (atual Iznik), acompanhados pelo Arcebispo Ortodoxo da América, Elpidophoros, e pelo Cardeal Joseph Tobin, Arcebispo de Newark.

Em sua mensagem aos participantes desta peregrinação ecumênica, o "Primus inter pares" entre os Primazes das Igrejas Ortodoxas dedicou algumas palavras comoventes ao recente ataque do exército israelense contra a paróquia católica da Sagrada Família em Gaza.

A peregrinação incluiu também uma parada em Roma e Castel Gandolfo, onde o grupo foi recebido em audiência pelo Papa Leão XIV em 17 de julho. Na ocasião, o Papa proferiu um discurso comovente aos peregrinos sobre o seguimento amoroso de Cristo como única fonte de unidade para a Igreja.

"É muito significativo", disse o Patriarca Bartolomeu, "que vocês estejam percorrendo este caminho na mesma terra onde os bispos da Igreja primitiva se reuniam para contemplar o Mistério de Cristo e salvaguardar a comunhão entre as Igrejas. Niceia continua sendo um símbolo da concórdia e da unidade apostólica que somos chamados a renovar hoje".

"Da Roma Antiga à Nova Roma", continuou Bartolomeu I, "nós os acolhemos com alegria nesta cidade sagrada e histórica de Constantinopla, a Nova Roma, enquanto vocês continuam sua abençoada peregrinação. Esta jornada os levou dos túmulos dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma à residência do Apóstolo André em Constantinopla, e em breve os levará à antiga Niceia. É um testemunho visível e relevante do Espírito atuando entre nós, guiando-nos pelo caminho da reconciliação, da compreensão e da unidade".

O “santo anseio pela unidade”

Aludindo às palavras do Papa Leão XIV, Bartolomeu I expressou que compartilha plenamente com o Bispo de Roma "este santo anseio pela unidade: uma unidade baseada não na uniformidade, mas na verdade comum do Evangelho, no amor mútuo e em nosso batismo comum na morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo".

A peregrinação do grupo dos Estados Unidos coincide com o 1.700º aniversário do Primeiro Concílio Ecumênico de Niceia, que proclamou a divindade de Cristo, estabeleceu o Credo Niceno e afirmou a unidade da Igreja em torno da confissão da verdadeira fé.

"Alegramo-nos especialmente", acrescentou o Patriarca, "com a celebração comum da Páscoa deste ano entre Oriente e Ocidente. Esta proclamação compartilhada da Ressurreição nos permite testemunhar, a uma só voz, a esperança redentora que vence o pecado, a morte e a divisão". É uma amostra do que nossa plena comunhão significará, não apenas para nossas Igrejas, mas para o mundo inteiro, que tem fome de paz, justiça e renovação espiritual.

O Patriarca Ecumênico enfatizou que esta peregrinação recorda "que a jornada ecumênica não é apenas um compromisso teológico, mas um chamado espiritual. Devemos retornar a Jerusalém, àquele cenáculo onde o Espírito Santo desceu e onde o medo se transformou em coragem para proclamar a Boa Nova. Nesta peregrinação de esperança, que cada um de vocês seja fortalecido pelo fogo de Pentecostes, levando Cristo a um mundo ferido pela guerra, pela injustiça e pelo desespero".

Referindo-se aos conflitos que ensanguentam tantas regiões, Bartolomeu I concentrou-se particularmente no ataque do exército israelense à Igreja da Sagrada Família em Gaza. "Deploramos este terrível ato contra a Igreja da Sagrada Família, que ocupava um lugar muito especial no coração do falecido Papa Francisco, que, mesmo durante sua hospitalização, não deixou de chamar diariamente o padre daquela comunidade desde o início da guerra". Isto, continuou ele, “foi um ataque não apenas contra um local de culto, mas contra um santuário onde centenas de pessoas, independentemente de sua religião, encontraram um lar e refúgio durante este tempo de tribulação”.

Por esta razão, o Patriarca Ecumênico observou: “Pedi ao Cardeal Tobin que transmitisse nossas mais profundas condolências ao nosso irmão, o Papa Leão. Vossa Eminência, pedimos que assegure a Sua Santidade que levantamos nossa voz com ele para pedir um cessar-fogo imediato e o fim desta guerra, e que juntos rezamos ao Senhor da Paz pelo repouso das almas das vítimas inocentes, pela rápida recuperação dos feridos e pelo conforto de suas famílias”.

No final de seu discurso, Bartolomeu I desejou aos membros do grupo “que sua peregrinação aqui, à Rainha das Cidades, possa fortalecer sua fé, renovar sua esperança e estimular seu amor pela Igreja e uns pelos outros”. Asseguramos nossas orações, nossas bênçãos e nosso firme compromisso de caminhar juntos, ortodoxos e católicos, como discípulos do Senhor Ressuscitado."

Nesse espírito, o Patriarca Ecumênico de Constantinopla acrescentou: "Aguardamos ansiosamente nosso encontro com o Papa Leão na festa de Santo André, Padroeiro da Igreja de Constantinopla, e continuamos a implorar ao Espírito Santo que nos guie em direção ao dia em que poderemos nos reunir novamente em torno do mesmo altar, compartilhando o único Corpo e cálice de nosso Senhor, a única Cabeça de Sua Igreja, pela qual Ele se sacrificou".

Leia mais