17 Julho 2025
Um crime brutal assustou a comunidade indígena do Povo Avá-Guarani na região de Guaíra, no oeste do Paraná. No último sábado, um jovem indígena de 21 anos foi assassinato e decapitado, tendo seu corpo abandonado em um milharal na entrada da aldeia onde morava, na Terra Indígena Guasu Guavirá. Ao lado da cabeça, foi encontrada uma carta com ameaças às famílias indígenas que lutam pelo Direito às suas Terras Ancestrais.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 16-07-2025.
Everton Lopes Rodrigues era filho do cacique Bernardo Rodrigues Diegro da aldeia Tekoha Yvyju Awary. As circunstâncias do homicídio estão sendo apuradas pela Polícia Civil do Paraná e pela Polícia Federal. A carta deixada ao lado do corpo traz ameaças não só aos indígenas Avá-Guarani, mas também ao efetivo da Força Nacional de Segurança Pública, que está na região desde o ano passado.
Carta de ameaça encontrada ao lado do corpo do indígena Everton Lopes Rodrigues (Foto: Divulgação)
“Se vocês não desocupar [sic] as terras recém invadidas, nós vamos matar mais de vocês, iremos invadir as aldeias já existentes, atacaremos os ônibus com vossas crianças dentro, queimaremos vivos. Não é uma ameaça vazia, mas, sim, recheada de ódio”, diz o documento assinado pelo Bonde 06 do N.C.S.O.. Segundo o Brasil de Fato, a carta reproduz discursos veiculados pelo agronegócio e pela imprensa regional, referindo-se aos indígenas como “paraguaios” e vinculando-os a facções criminosas.
A carta reivindica a autoria de outro homicídio brutal, o do indígena Marcelo Ortiz, de 33 anos, também decapitado e encontrado em março passado em uma estrada rural de Guaíra. Na época, a PF prendeu três indígenas, suspeitos de terem cometido o crime, que teria sido motivado por “um sério desentendimento” com a vítima. “Tivemos que repetir a cena porque da outra vez não conseguimos deixar o recado. Marcelo foi morto por nós”, diz o texto.
Como o g1 explicou, a região da TI Guasu Guavirá é palco de um conflito de décadas por demarcação de território no oeste paranaense, mas que se intensificou no ano passado. Comunidades indígenas reivindicam a demarcação de novas áreas desde a construção da usina hidrelétrica de Itaipu, quando diversas áreas rurais foram alagadas. Muitas das terras ocupadas atualmente por indígenas não passaram por processo formal de regularização fundiária.
Agência Brasil, Brasil 247 e CBN Curitiba, entre outros, também repercutiram a notícia.