12 Julho 2025
"Quando nos deparamos com a confortável e ampla avenida do vício, embelezada com luzes e cores e marcada por outdoors convidativos, desviar nossos pés para outro lugar e tomar o caminho árduo e íngreme da virtude exige uma decisão difícil. Assim, com La Rochefoucauld, devemos reconhecer termos visitado pelo menos alguns desses aposentos onde essas figuras nos convidam a entrar."
O artigo é de Gianfranco Ravasi, publicado por Il Sole 24 Ore, 06-07-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Os vícios nos aguardam ao longo da vida como hóspedes pelos quais, mais cedo ou mais tarde, teremos que passar. Duvido que a experiência nos ajudaria a evitá-los caso nos fosse permitido percorrer o mesmo caminho duas vezes.
É difícil escapar dessa acusação que nos é dirigida por François de La Rochefoucauld, o famoso autor seiscentista das aproximadamente quinhentas Reflexões ou Frases e Máximas Morais (1664). De fato, se percorrermos o tradicional setenário dos vícios capitais – soberba, avareza, luxúria, ira, gula, inveja, preguiça –, é hipócrita declarar que eles nunca tocaram nossa alma e, portanto, nossa vida.
Quando nos deparamos com a confortável e ampla avenida do vício, embelezada com luzes e cores e marcada por outdoors convidativos, desviar nossos pés para outro lugar e tomar o caminho árduo e íngreme da virtude exige uma decisão difícil. Assim, com La Rochefoucauld, devemos reconhecer termos visitado pelo menos alguns desses aposentos onde essas figuras nos convidam a entrar.
Na raiz da escolha ética, há pelo menos dois impulsos. Por um lado, há a liberdade interior pessoal, que se encontra na encruzilhada entre o bem e o mal, como diz um sábio do Antigo Testamento, Eclesiástico: "A vida e a morte estão diante dos homens, e a cada um será dado o que cada um escolher" (15,17). Por outro lado, porém, há também a pressão externa da sociedade e do comportamento geral que empurra para a deriva da imitação. É a tentação satânica, segundo a definição da tradição cristã.
Floresce então aquela convicção que Woody Allen ironicamente representava, segundo a qual "as pessoas boas dormem muito melhor à noite. Claro, durante o dia as pessoas más se divertem muito mais". Talvez essa sensação também surja de uma impressão induzida por uma certa pregação moralista que tornou as virtudes pesadas, pedantes e, portanto, antipáticas.
Com ironia semelhante, mas com um desfecho diferente em relação a Woody Allen, Ennio Flaiano observava: "Certos vícios são mais enfadonhos do que a própria virtude. E é por isso que a virtude muitas vezes triunfa".