Na Nigéria, os cristãos correm risco de vida

O temor de que a Nigéria — colônia britânica até 1960 — se torne um território onde os cristãos correm risco de vida, devido à intolerância de grupos extremistas muçulmanos, levanta sérias questões também para a Santa Sé, bem ciente do peso de um país que, já hoje, com seus 216 milhões de habitantes, o mais populoso da África, está prestes a dobrar, em meados do século, sua consistência demográfica. Atualmente, cerca de 53% dos nigerianos são muçulmanos, 35% protestantes e 10% católicos.

A reportagem é de Luigi Sandri, publicada por de L’Adige, 23-06-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

A população da parte norte do território - tão vasto quanto três Itálias - é essencialmente seguidora de Maomé, enquanto a do sul é seguidora de Cristo. Esse contexto é complicado por atávicas tensões, muitas vezes violentas, entre agricultores (sedentários) e pastores (itinerantes), e ainda mais agravado pela presença guerrilheira do Boko Haram (“O Ocidente é pecado”), que, invocando uma radical “sharia” - lei islâmica - não raramente ataca ferozmente paróquias, fiéis e aldeias cristãs, e sequestra grupos de garotas ou padres para matá-los, mantê-los como reféns e, às vezes, libertá-los mediante o pagamento de somas exorbitantes.

Esses flashes rápidos ajudam a situar o que afirmou o papa Leão há duas semanas: “Na noite entre 13 e 14 de junho, na cidade de Yelwata, na área administrativa local de Gouma, no estado de Benue, na Nigéria, ocorreu um terrível massacre, no qual cerca de duzentas pessoas foram mortas com extrema crueldade, a maioria das quais era de deslocados internos, acolhidos pela missão católica local. Rezo para que a segurança, a justiça e a paz prevaleçam na Nigéria e no estado de Benue, que incessantemente têm sido vítimas da violência”.

A terrível incursão foi realizada, segundo as autoridades nigerianas, por grupos de Fulani (pastores, de religião muçulmana). O massacre, pode-se observar, passou praticamente despercebido pelas mídias europeias: imaginemos se, em vez disso, o massacre tivesse ocorrido no velho continente!

Afinal, as televisões ocidentais, ocupadas dia e noite a falar do conflito russo-ucraniano, e depois de Hamas-Israel (e agora, dos EUA-Israel-Irã), estão como que sobrecarregadas e “impossibilitadas” de dar destaque a uma carnificina de cristãos ocorrida na África.

Mas no Vaticano questionamo-nos e pensamos no futuro: em 2050, quando se prevê que os nigerianos serão 400 milhões, o terceiro país do mundo em população, depois da Índia e da China, a violência “religiosa” será erradicada ou continuará a ser uma triste notícia diária? Enquanto se espera, o que fazer? Os diálogos de alto nível entre o papado, os bispos e as autoridades civis e religiosas, para criar um clima de fraternidade entre cristãos e muçulmanos, podem certamente ajudar. Entretanto, porém, seria necessário tranquilizar (mas como?) as comunidades paroquiais espalhadas pelo país que, em geral, não são defendidas nem pelo governo central de Abuja, nem pela polícia dos diversos estados da Federação. Portanto, escolher ser cristão na Nigéria não é algo tranquilo. Honra aos corajosos.

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