Reflexões sobre o Mês do Orgulho de Católicos LGBTQ+. Parte 1

Na semana passada, publicamos um edital aberto para inscrições, pedindo a católicos LGBTQ+ do mundo todo que apresentassem suas reflexões sobre o Mês do Orgulho como uma Peregrinação de Esperança. Em poucos dias, já ficamos profundamente comovidos com as respostas que recebemos. Hoje, compartilhamos quatro dessas histórias.

A reportagem é de Jeromiah Taylor, publicado por News Ways Ministry, 13-06-2025.

Esses quatro católicos vêm do Canadá, Brasil, República Tcheca e Estados Unidos. Cada um deles atesta o poder de sua fé para animar suas vidas e vocações como membros da comunidade LGBTQ+ e da Igreja universal.

Michel Quintas, Curitiba, Brasil

Tenho orgulho de ser católico, como teólogo latino-americano e homem bissexual, especialmente pela convicção de que, como nos lembrou o Papa Francisco, há espaço para todos na Igreja. Minha fé e esperança se baseiam na relação que tenho com Deus e que meus irmãos e irmãs LGBTQ+ compartilham comigo. É uma relação ferida pela sociedade, mas curada pela misericórdia, que nos torna conscientes de que não são nossos corpos que são ruins, mas as estruturas sociais que os oprimem. Portanto, ser católico queer é um dom e uma vocação, ou seja, uma possibilidade de transformar a sociedade e cuidar dos mais vulneráveis.

Michel Quintas (ele) é um homem bissexual, latino-americano e teólogo da libertação queer.

Stevie Schroeder, Paróquia Católica de Santo Antônio, Portland, Oregon

Ser lésbica e católica sempre foi uma mistura confusa. Fui batizada e criada na igreja e, como qualquer lésbica, a escola católica só me empurrou para uma intimidade mais profunda – com a feminilidade, a Bíblia e as perguntas que eu não deveria fazer. Saí da igreja porque pensei que não havia espaço para alguém como eu. Mas, ao retornar, percebi que Deus me fez exatamente como eu sou. A homossexualidade me conecta ao divino, ao mundo natural, ao amor suave e radical. Somos feitos à imagem de Deus, e isso significa que mesmo na homossexualidade, especialmente na homossexualidade, há santidade. Como Jesus, os católicos homossexuais são chamados a defender, a lutar, a curar. O amor de Deus se manifesta na sua autoconfiança, na sua gentileza, na sua alegria. Está em amar em voz alta e sem vergonha. E eu realmente acredito que isso é sagrado.

Stevie Schroeder (ela/ela) é uma orgulhosa mãe de cachorro de 20 anos, ativista e estudante universitária que atualmente está cursando Educação Secundária na OSU, com ênfase em Estudos Sociais e especialização em Psicologia.

Jeferson Batista, Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+, São Paulo, Brasil

Sou um homem LGBTQIA+, negro, brasileiro, casado com Luis Rabello e católico. Encontro na fé um espaço de luta, reconstrução e pertencimento. O que me orgulha de ser um católico LGBTQIA+ é saber que não estou sozinho. Faço parte de uma rede nacional de grupos que, desde 2007, afirma corajosamente: também somos Igreja. A Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT reúne hoje mais de 20 coletivos em todo o Brasil, trabalhando para garantir acolhimento, dignidade e visibilidade para pessoas LGBTQIA+ na Igreja. Minha esperança católica queer é sustentada pelo testemunho de mães, jovens, clérigos e líderes leigos unindo espiritualidade e justiça, resistindo ao fundamentalismo e criando espaços seguros de fé e cuidado. Fazer parte dessa peregrinação significa acreditar que o Evangelho pode florescer das margens.

Jeferson Batista (ele) é jornalista, antropólogo e membro da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT+ (Brasil).

Vilem Zlamal, Arquidiocese de Olomouc, Tchéquia

Como desejo refletir sobre minha "Peregrinação do Orgulho", não posso começar por outra coisa senão destacar o fato de que junho, considerado o "Mês do Orgulho", também é consagrado ao Sagrado Coração de Jesus. A razão pela qual posso me orgulhar de ser um católico gay é o amor incondicional, profundo e intenso de Jesus (demonstrado por seu Coração) que sinto. O simples fato de Jesus ter escolhido deixar um homem gay descobrir o dom da fé fala por si. Descobri Deus na minha adolescência e, desde então, sinto que Ele me guia, apesar das minhas dúvidas, pecados e incapacidade de ver as bênçãos que Ele preparou para mim. Verdadeiramente, a jornada da fé é uma espécie de peregrinação onde seu amor me acompanha.

Vilem Zlamal (ele) é um católico gay da Arquidiocese de Olomouc, na República Tcheca.

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