“Vergonha! Nem os animais são tratados assim”. Entrevista com Cecilia Strada

Cecilia Strada, eurodeputada do Partido Democrático, quis assistir às etapas iniciais do desembarque. E ficou espantada.

A entrevista é de Davide Carlucci, publicada por La Repubblica, 12-04-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.

Eis a entrevista.

O que viu?

As pessoas estavam saindo do navio com algemas plásticas. Nos disseram que era para sua segurança e para evitar problemas a bordo. Mas consideramos isso simplesmente vergonhoso. Não se pode tratar as pessoas como animais, é uma imagem realmente feia. E nos lembra algo.

O que lembra?

Vimos as mesmas imagens em outros países, estou me referindo aos Estados Unidos de Trump.

Vocês também tentaram entrar em Gjader, que agora é de fato um centro de detenção e repatriação.

Tentamos, mas nos fizeram sair porque as operações policiais estavam em andamento para a chegada dos 40 migrantes. Voltaremos e conversaremos com os responsáveis do órgão gestor. Precisamos entender muitas coisas, dada a opacidade e a falta de informações com as quais o governo está gerindo essa operação.

O que querem saber?

De onde vêm essas pessoas, qual é o perfil jurídico delas, como foram selecionadas. Já perguntamos se os advogados foram informados sobre essas transferências, algo que deve ocorrer o mais rápido possível.

Alguns deles têm antecedentes criminais.

Se eles vêm do sistema prisional e têm a expulsão como pena adicional, qual é o sentido, para uma pessoa que acabou de cumprir uma pena, prendê-la novamente sem saber por quanto tempo? E, de qualquer forma, aqueles que cumpriram suas penas têm o direito de serem reintegrados à sociedade.

Eles poderão ser deportados diretamente da Albânia?

De acordo com a lei italiana, isso não é possível. Mas é preciso ver o que o governo vai inventar.

Quais são as outras falhas?

Falta a plena equivalência do direito em relação à Itália. Os migrantes transferidos, por exemplo, deveriam poder se encontrar com seus advogados. Isso será possível? E o atendimento médico que eles receberão aqui é o mesmo que receberiam na Itália?

Para o governo, poderia não ser um fracasso como das outras vezes.

Na verdade, ninguém ainda foi capaz de verificar o que está acontecendo. Veremos se é um sucesso. Não concordo com as expulsões. Mas aqui estão fazendo isso, forçando os migrantes a dar a volta do Mediterrâneo a um custo muito mais alto.

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