12 Março 2025
Pesquisas anteriores já haviam mostrado que suprimir vegetação reduz a quantidade de água evaporada para a atmosfera, o que leva a condições geralmente mais secas.
A informação é publicada por ClimaInfo, 09-03-2025.
O desmatamento da Amazônia provoca mais chuvas na estação chuvosa e as reduz na estação seca. É o que mostra uma pesquisa publicada na Nature, que destaca o papel essencial da maior floresta tropical do planeta na regulação tanto do clima local como do global.
Estudos anteriores mostraram que a redução da vegetação amazônica diminui a quantidade de água lançada à atmosfera, o que leva a condições geralmente mais secas. A pesquisa atual teve como objetivo obter uma visão mais detalhada dos efeitos do desmate sobre o clima, informam Folha e UOL.
Os cientistas utilizaram simulações climáticas, dados meteorológicos e imagens de satélite da Amazônia do período 2000-2020, relata o Poder 360. Nesse período, “a rápida perda de floresta na região amazônica afetou consideravelmente uma série de serviços cruciais que sustentam o ciclo global do carbono, a mitigação das mudanças climáticas, o bem-estar social e a biodiversidade”, destaca o estudo.
A análise mostrou que houve mais chuvas especificamente sobre áreas onde as árvores foram derrubadas durante a estação chuvosa, de dezembro a fevereiro. Já na estação seca, de junho a agosto, quando as plantas mais precisam de água, houve menos chuvas em uma região mais ampla.
Os pesquisadores destacaram que a perda de árvores na Amazônia, causada principalmente pela grilagem e expansão ilegal da pecuária, representa uma ameaça particular para as colheitas. O aumento das precipitações “pode exacerbar as inundações na estação chuvosa em certas regiões desmatadas, prejudicando a agricultura regional e a economia social”, afirmam. A diminuição das chuvas também pode provocar perdas.
Em uma análise sobre o estudo, também publicado na Nature, Wim Thiery, professor associado da Vrije Universiteit, de Bruxelas, afirma que a pesquisa é pioneira e importante para compreender as complexas interações entre desmatamento, as mudanças climáticas e a saúde das plantas. Para ele, o trabalho pode ajudar a avaliar se a Floresta Amazônica está se aproximando do ponto de não retorno, que, se cruzado, fará com que esse ecossistema crucial se transforme em uma savana, destaca Thiery, pesquisador que não participou do trabalho científico.