11 Fevereiro 2025
Vamos nos concentrar em nossas virtudes, em nossas verdades. Vamos cuidar dos nossos amores, das nossas amizades. Permaneçamos sensíveis à dor dos desconhecidos, tentemos todos os dias fazer algo junto com os outros. Basta pouco e as palafitas de papel dos poderosos deste tempo cairão miseravelmente", escreve Franco Arminio, em artigo publicado por il Fatto Quotidiano, 31-01-2025. A tradução é de Luisa Rabolini.
Eu não acredito no poder de Trump, de Musk e do resto da companhia, supondo que seja uma companhia e não uma série de pessoas, cada uma envolvida em seu próprio jogo, um jogo fracassado como aquele de todo ser humano que se dá a ilusão de ser poderoso. O ser humano não é o lugar do poder, mas da fragilidade. Não temos nada, somos um nada que respira dentro da suspeita de algo que chamamos de vida, um acontecimento que ocupa um espaço de tempo ínfimo e um espaço que é ainda mais ínfimo.
Cuidado para não nos reduzirmos a brigas com fantasmas. Na aparência, certas pessoas têm um grande poder, mas não é assim. Se eu ler um poema de Leopardi, percebo que está ali o grande poder. E se eu visitar uma mulher quase centenária e passar algum tempo com ela, percebo que é em sua casa que as decisões sobre o destino do mundo são tomadas mais do que na Casa Branca.
Não estou tentando escrever coisas paradoxais. Estou escrevendo algo em que acredito firmemente. A vida é feita de eventos corriqueiros e, quanto mais ordinários, mais extraordinários são. A vida de Trump é uma vida que, no final não tem nada, justamente por estar longe do corriqueiro, por estar disposta em uma escala enorme. Um ser humano que faz coisas demais acaba por não fazer nenhuma.
É estranho que, depois de séculos de poesia e filosofia, não consigamos entender esta coisa muito simples: o poder no mundo não é de quem pensa que decide, mas de quem sabe como doar, de quem sabe como se pôr de lado, deixar sua vida de vez em quando, pertencer ao vento como um fio de grama, não pretender solenizar cada momento de seu tempo.
Os poderosos de quem tanto se fala atualmente são pessoas doentes e é um grave erro pensar que o mundo está em suas mãos. O mundo não está nas mãos de ninguém. Claro, eles podem tomar decisões que parecem graves e que parecem ter um impacto sobre todos nós. Mas se eu for ao cemitério hoje pela manhã, também estarei tomando uma decisão importante. Nada é insignificante no que os humanos fazem e também no que fazem as árvores, as formigas, as estrelas e o vazio que talvez nos aguarda e o vazio que confina com o vazio. Devemos ter o cuidado de enquadrar a política com um olhar amplo, com um olhar novo.
O século XX passou, não podemos olhar para os eventos de hoje com os olhos que tínhamos cem anos atrás. Trump e seus companheiros de merenda não conseguirão estragar o mundo, o mundo tem uma força enorme, não se deixa abalar por ninguém, não é tão fácil devastá-lo.
Vamos nos concentrar em nossas virtudes, em nossas verdades. Vamos cuidar dos nossos amores, das nossas amizades. Permaneçamos sensíveis à dor dos desconhecidos, tentemos todos os dias fazer algo junto com os outros. Basta pouco e as palafitas de papel dos poderosos deste tempo cairão miseravelmente. A democracia não está acabando, não exageremos nos alarmes, estamos muito melhor do que pensamos. Hoje, o verdadeiro poder é ser alegres, ter entusiasmo por algo, por alguém.
É apenas uma questão de entender para onde estamos olhando. Eu estou olhando para pessoas belíssimas neste momento. A meu ver, elas têm um poder muito maior do que o homem que quer ir a Marte.