04 Fevereiro 2025
Acréscimo ainda não é consequência da nova lei de agrotóxicos, aprovada e sancionada em 2023 com vetos por Lula, já que norma não está regulamentada.
A informação é publicada por ClimaInfo, 03-02-2025.
O ano de 2024 ficará marcado como aquele em que mais agrotóxicos e defensivos biológicos foram liberados no Brasil desde 2000, quando o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) começou esse controle. Nada menos que 663 agrotóxicos, componentes e afins foram registrados no país no ano passado.
Além de recorde da série histórica, o número representa um aumento de 19% sobre os 555 produtos liberados em 2023. Antes, o pico de registros de agrotóxicos e defensivos havia ocorrido no governo Bolsonaro, quando, em 2022, houve 652 liberações, destaca a Folha.
A alta coincide com a vigência da nova lei dos agrotóxicos, sancionada pelo governo no final de 2023 e que tem como objetivo acelerar a análise para a liberação de produtos, explica o g1. Mas, segundo Alan Tygel, integrante da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, o acréscimo ainda não é consequência da legislação, já que a norma não está regulamentada.
Para Tygel, os dados refletem a continuidade de um modelo de produção agrícola que ignora os efeitos do uso desses produtos e prioriza a garantia de suas margens de lucro, informa o Brasil de Fato. “A estrutura de apoio ao agronegócio e às transnacionais agroquímicas segue firme e forte no governo federal.”
Cientistas ressaltam a preocupação com os efeitos desses produtos para a saúde humana e para o planeta, lembra O Globo. Pesquisador da USP e da UFAM, o biólogo Lucas Ferrante explica que o uso contínuo de agrotóxicos em lavouras cria um ambiente de seleção natural para as pragas, que acaba por torná-las progressivamente mais resistentes. Com esse cenário, passam a ser necessárias doses cada vez mais altas de agrotóxicos, “alimentando um ciclo insustentável que causa sérios impactos ambientais e à saúde humana”.
O pesquisador afirma que o governo Lula dá continuidade a uma política de flexibilização ambiental iniciada com Bolsonaro: “O ministério [da Agricultura] segue ignorando recomendações ambientais, visando o lucro do agronegócio e ignorando o ônus para o planeta. Não dá para chamar essa gestão de um governo científico”, avaliou.
Além da ameaça dos agrotóxicos “legais” à saúde e ao meio ambiente, ainda há o risco de produtos ilegais que circulam pelo país. A Polícia Federal apreendeu quase 280 toneladas de agrotóxicos irregulares no Brasil entre 2019 e 2024, informa o R7. Mais de 50% desse total foi apreendido apenas em 2022.