23 Janeiro 2025
Além de sair do Acordo de Paris, Trump suspendeu as doações dos EUA para fundos climáticos, o que pode esvaziar a meta definida na COP29.
A informação é publicada por ClimaInfo, 23-01-2025.
Pouco mais de dois meses após a sua definição, na COP29 de Baku, a nova meta global para o financiamento climático pode sofrer um esvaziamento que inviabilizaria as pretensões de mobilizar pelo menos US$ 300 bilhões para os países mais pobres e vulneráveis até 2035. A saída dos EUA do Acordo de Paris, anunciada pelo presidente Donald Trump na última 2ª feira (20/1), complicou a equação financeira para tirar esse objetivo do papel.
Segundo o Climate Home, Trump também suspendeu todos os repasses de recursos para fundos climáticos internacionais prometidos pela gestão de seu antecessor, o ex-presidente Joe Biden. Entre os valores que não serão cumpridos por Trump, estão US$ 3 bilhões que seriam destinados para o Fundo Climático Verde (GCF, da sigla em Inglês), principal instrumento financeiro da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC).
No ano passado, os EUA contribuíram com cerca de US$ 11,1 bilhões para o financiamento climático internacional, a maior parte através de empréstimos. Esse valor nem de longe representa a cota justa de financiamento que os EUA deveriam oferecer, dada sua responsabilidade histórica e condição econômica, mas esses recursos farão falta na contabilização global.
Mas o impacto vai muito além das doações diretas para o financiamento climático internacional. Como destacou a Bloomberg, os EUA podem dificultar as pretensões do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para alinhar seus projetos de financiamento e suporte macroeconômico com objetivos climáticos. Com grande poder dentro dessas instituições multilaterais, o governo norte-americano deve reverter a movimentação pró-clima.
Mesmo com esse impacto, especialistas indicam que existe vida possível para o financiamento climático internacional mesmo sem a participação dos EUA. Para tanto, outros países precisam assumir a sua parte e ocupar o vácuo deixado pela Casa Branca nesta composição financeira.
“Não é o fim do mundo, é apenas um pé no saco”, comentou ironicamente Sean Kidney, diretor-executivo da Climate Bonds Initiative.
Em tempo: Depois de enfiar o pé na porta da Casa Branca, os negacionistas da crise climática se movimentam para invadir o Parlamento Europeu e ampliar seu poder político. Segundo o Guardian e o site DeSmog, representantes do infame Heartland Institute estão se reunindo com políticos da extrema-direita europeia, inclusive integrantes do órgão legislativo da União Europeia, para atacar os projetos e objetivos climáticos do bloco.