22 Janeiro 2025
“Nos afundamos em exigências infantis, superficiais, meio animalescas, que fazem escorrer o foco e a racionalidade política pelos nossos fios de cabelo”, escreve Rudá Ricci, sociólogo, com larga experiência em educação e gestão participativa, diretor do Instituto Cultiva.
Fico sobressaltado com o revanchismo que tomou conta de parte do campo progressista brasileiro.
Percebo um emocionalismo excessivo que exige que Bolsonaro seja preso agora.
O mesmo impressionismo superficial que se atém ao chapéu de Melania, mas se recusa a analisar com profundidade as políticas concretas de seu marido e os erros do Partido Democrata.
Nos afundamos em exigências infantis, superficiais, meio animalescas, que fazem escorrer o foco e a racionalidade política pelos nossos fios de cabelo.
Tem algo de uma tradição populista nesse emocionalismo. Não é à toa que aqui e ali alguns lamentam a ausência de Brizola, o nosso líder que remonta à espera de D. Sebastião.
Tivemos um lampejo de autonomia operária no final dos anos 1970 e primeira metade dos 1980. E, aí, mergulhamos na transição da luta política para a luta eleitoral. A luta eleitoral exige contenção emocional porque prende expectativas e iniciativas. Toda uma enxurrada de regras e calendários que procuram garantir a manutenção da ordem política.
Os líderes se alternam, mas as travas permanecem. E para onde vai a emoção? Para onde vão as expectativas? Em parte, é daí que brota o emocionalismo atual do campo progressista brasileiro. A frustração forma essa nuvem escura que embaça tudo com a penumbra.
A posse de Trump exigiria ainda mais racionalidade para formatar uma estratégia objetiva e eficaz. Mas, está dando lugar a uma histeria que se perde nos detalhes.