16 Janeiro 2025
Segundo executivo da empresa, o corte de suas emissões e o fim do desmatamento ilegal em sua cadeia até 2040 não são promessas, mas “aspirações”.
A informação é publicada por ClimaInfo, 15-01-2025.
A JBS, a maior produtora de proteína animal do planeta, parece ter uma compreensão equivocada dos termos “compromisso” e “promessa”. Há quatro anos, quando destacou que pretendia zerar suas emissões de gases de efeito estufa e acabar com o desmatamento ilegal em sua cadeia de suprimentos até 2041, essas palavras foram usadas e abusadas pela empresa. Agora, um executivo do conglomerado defendeu que, na verdade, elas indicam uma “aspiração”, e não um compromisso ou promessa real.
“Nunca foi uma promessa que a JBS faria isso acontecer”, disse Jason Weller, diretor global de sustentabilidade da empresa em uma rara entrevista à Reuters. A declaração contraria peças publicitárias de 2021, quando defendeu seu plano para reduzir emissões e acabar com o desmatamento ilegal. “Nada menos do que isso não é uma opção”, dizia um slogan da JBS. Em 2025, parece que o “menos que isso” virou uma “opção” para a empresa.
Sobre o downgrade de suas metas de emissões e desmatamento zero, o executivo da JBS justificou dizendo que a empresa não tem “a capacidade de exigir ou forçar uma mudança nas fazendas, nem (…) a capacidade de exigir e mudar como nossos clientes usam nossos produtos”.
A reportagem constatou que os investidores têm obtido poucos resultados em relação às promessas feitas pela JBS nos últimos cinco anos. Mesmo com as cobranças nacionais e internacionais por conta do impacto de suas operações sobre o desmatamento na Amazônia e no Cerrado, o tema é praticamente ignorado nas assembleias de acionistas.
Dados da agência Morningstar Sustainalytics indicam que 17 fundos rotulados como “sustentáveis” detêm ações da JBS. No entanto, nenhum deles respondeu aos questionamentos da Reuters sobre a falta de cobranças à direção da empresa sobre os efeitos de seus negócios sobre o clima e o meio ambiente.
“Há muitos poucos investidores usando sua influência de acionistas para se envolver com essa questão”, afirmou Vemund Olsen, analista sênior da Storebrand Asset Management, da Noruega, gestora de investimentos que se desfez das ações da JBS em 2017.
A Folha publicou uma tradução da reportagem.