06 Janeiro 2025
No primeiro vídeo de 2025 com as intenções de oração para o mês de janeiro, Francisco denuncia a emergência educacional causada por guerras, migrações e pobreza. O Pontífice pede, então, que se reze para que as pessoas afetadas pela guerra vejam sempre "respeitado o seu direito à educação", uma esperança para se salvar da discriminação, redes criminosas e exploração.
A reportagem é de Salvatore Cernuzio, publicada por Vatican News, 02-01-2025.
Não, não é um exagero: hoje — com 250 milhões de crianças sem acesso à educação devido a guerras, migrações e pobreza — vivemos uma verdadeira “catástrofe educativa”. Papa Francisco parte da denúncia de uma das emergências deste tempo para pedir, neste primeiro mês de 2025, que se reze “para que os migrantes, os refugiados e as pessoas atingidas pela guerra vejam sempre respeitado o seu direito à educação”.
Essa é a intenção de oração que o Pontífice confia aos fiéis de todo o mundo no habitual vídeo-mensagem de início de mês, realizado pela Rede Mundial de Oração. No vídeo divulgado hoje, 2 de janeiro, as palavras de Francisco, em espanhol, alternam-se com imagens de crianças em situações de crise ou forçadas a realizar trabalhos pesados. Esses quadros são seguidos por outros com meninos e meninas de zonas da África, Oriente Médio e Sudeste Asiático com livros desgastados ou em carteiras escolares, muitas vezes precárias, mas com o sorriso proporcionado pela esperança que emana justamente daqueles livros e carteiras. Porque é isso que a educação faz: oferece esperança, diz o Papa no vídeo.
A educação é uma esperança para todos: pode salvar migrantes e refugiados da discriminação, das redes criminosas e da exploração… Tantas crianças exploradas! E pode ajudá-los a se integrarem nas comunidades que os acolhem.
O Papa reforça que "todas as crianças e jovens têm direito a frequentar a escola, independentemente de sua situação migratória". Estatísticas e relatos mostram que menores migrantes ou em fuga de sua terra natal devido a conflitos sofrem interrupções no processo educativo. Em muitos casos, escolas em zonas de conflito ou campos de refugiados têm acesso muito limitado a materiais educativos, infraestruturas adequadas e professores qualificados. Além disso, quando crianças e jovens se mudam para outros países ou regiões, seu status migratório pode impedi-los de acessar a educação e, consequentemente, um futuro melhor. Por isso, o Papa afirma no vídeo que "todas as crianças e jovens têm direito a frequentar a escola, independentemente de sua situação migratória". Essa solicitação já foi feita em ocasiões anteriores, quando o Pontífice pediu que se garantisse aos migrantes e refugiados "o acesso regular à educação primária e secundária", assim como "a permanência regular ao atingirem a maioridade e a possibilidade de continuar seus estudos".
"A educação nos abre as portas para um futuro melhor", afirma Francisco, destacando que, por meio desse passo em direção à integração, "os migrantes e refugiados podem contribuir para a sociedade, seja em seu novo país, seja no país de origem, caso decidam retornar". Essas palavras do Papa estão impregnadas de preocupação e inspiradas nas palavras de Jesus no Evangelho de Mateus (25,35): "Eu era estrangeiro, e vocês me acolheram". O versículo é citado pelo Pontífice no vídeo.
E nunca nos esqueçamos de que quem acolhe o estrangeiro acolhe Jesus Cristo.
O Vídeo do Papa deste mês testemunha o compromisso da Igreja em estar na linha de frente para garantir a educação aos mais pequenos, mesmo nos contextos mais difíceis. Entre as imagens estão os centros educacionais realizados pela Fundação AVSI para crianças refugiadas – em grande parte sírias – na Jordânia e no Líbano; as escolas salesianas em Palabek, Uganda, onde 60% dos migrantes sul-sudaneses têm menos de 13 anos; o Instituto Madre Asunta em Tijuana, na fronteira entre o México e os Estados Unidos, gerido pela família scalabriniana e frequentado por menores vindos de vários países da América Latina.
Há também o trabalho em diversos continentes do JRS, o Serviço Jesuíta para Refugiados, presente no leste do Chade, ao lado de gerações inteiras nascidas e criadas em campos de refugiados. Além disso, os voluntários da Associação Papa João XXIII acompanham os estudos de menores que chegaram à Grécia e à Itália através das rotas migratórias. A esses esforços somam-se os de organizações internacionais, como a Unicef, que atua com projetos educativos em diversos países de acolhimento, onde, nos últimos anos, muitas crianças que fugiram da guerra na Ucrânia puderam frequentar cursos de idiomas.
Diante desse panorama de crises, desafios e esforços, o Papa, ao final da vídeo-mensagem, recita a intenção de oração para o mês de janeiro de 2025:
"Rezemos para que os migrantes, refugiados e pessoas atingidas pela guerra vejam sempre respeitado o seu direito à educação, educação necessária para construir um mundo mais humano."
Não é a primeira vez que o Papa Francisco dedica uma intenção de oração à crise dos migrantes e refugiados, uma das maiores desafios do nosso tempo. A mais recente foi em junho de 2024, quando pediu que rezassem "para que os migrantes em fuga das guerras ou da fome, obrigados a viagens cheias de perigos e violências, encontrem acolhimento e novas oportunidades de vida nos países que os recebem". "Em diversas ocasiões, o Papa Francisco afirmou que é necessário acolher, proteger, promover e integrar" aqueles que fogem de suas terras de origem. Segundo o novo diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, o jesuíta padre Cristóbal Fones, nesses quatro verbos estão os "comportamentos que todos podemos e devemos cultivar em nossa vida cotidiana". Ele acrescenta: "Queremos ajudar, durante este mês, a descobri-los e colocá-los em prática nos ambientes em que vivemos. O Papa nos diz que todo estrangeiro que bate à nossa porta é uma oportunidade de encontro com Jesus Cristo, que no Evangelho se identifica com o estrangeiro acolhido ou rejeitado, em qualquer época da história".
Fones recorda que, na bula de proclamação do Jubileu, Spes non confundit, o Papa pediu que se garantisse aos migrantes e refugiados não apenas segurança e acesso ao trabalho, mas também educação. Sobre o Jubileu, ele lembra que "uma das condições necessárias para obter as indulgências concedidas nesta ocasião do Ano Santo é, precisamente, rezar pelas intenções do Sumo Pontífice, que são muito concretas e, durante este mês, se concentram no respeito a esse direito fundamental de pessoas muito vulneráveis".
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Papa denuncia: hoje "catástrofe educativa", 250 milhões de crianças sem escola. Vídeo do Papa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU