Aristóteles já combatia a desinformação. Artigo de Edelberto Behs

Foto: Pexels

Mais Lidos

  • A marca de Francisco no conclave de 2025. Artigo de Alberto Melloni

    LER MAIS
  • Ur-Diakonia: para uma desconstrução do anacronismo sacerdotal e a restauração do 'homo diaconalis' na igreja. Artigo de Thiago Gama

    LER MAIS
  • De quintal a jardim de horrores: América Latina no centro da Doutrina Donroe. Destaques da Semana no IHUCast

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

19 Novembro 2024

"Mas Aristóteles, se vivesse hoje, concluiria que o antídoto que indicara para fazer frente aos ironistas e fanfarrões – falar a verdade, às claras – não surtiria o mínimo efeito. Ele certamente se frustraria aos constatar que o “sucesso” na atualidade é inventar mentiras, enrolar e difamar, quanto mais, melhor", escreve Edelberto Behs, jornalista.

Eis o artigo.

Lá pelos idos de 350 a.C. o pensador grego Aristóteles apontou para as consequências das “fake news”, embora o termo tenha sido cunhado séculos depois. O filósofo dizia que todo ser humano é um zoon politikon, ou seja, um animal político. Ou seja, a humanidade é uma comunidade política.

Aristóteles se opunha a dois defeitos dos políticos da época que aparecem, de alguma forma, nos discursos de políticos da atualidade, como Trump e Bolsonaro. O grego apontou para os defeitos do eiron, ou ironista, e os defeitos do alazon, o fanfarrão, produtores de desinformação.

Querem político mais fanfarrão do que Donald Trump na sua campanha para a presidência da República dos Estados Unidos? Ele chegou a “denunciar” em comício que escolas do país incentivam transformação de gênero: meninos entram na sala de aula como meninos e saem como meninas! Ou que imigrantes caçam cachorros nas vizinhanças de bairros abastados para fazer churrasco. E pessoas acreditam!!!

O mundo em ebulição, a IA sendo apontada como uma possível impostora da democracia, bombas americanas matando em Gaza, tanques russos ocupando a Ucrânia, exército israelense querendo acabar com a raça dos palestinos, milhares de africanos passando fome por causa de conflitos armados no continente, crianças sem escola no Haiti, o planeta pegando fogo, o clima em ebulição, e os estadunidenses discutindo casamento de pessoas do mesmo sexo, aborto, questões de gênero, sob os aplausos de cristãos fundamentalistas.

Mas Aristóteles, se vivesse hoje, concluiria que o antídoto que indicara para fazer frente aos ironistas e fanfarrões – falar a verdade, às claras – não surtiria o mínimo efeito. Ele certamente se frustraria aos constatar que o “sucesso” na atualidade é inventar mentiras, enrolar e difamar, quanto mais, melhor. Involuímos.

Temos aí uma pequena amostra do que será o Brasil na campanha presidencial de 2026. Preparem-se para o bestialógico que vem por aí.

Leia mais