26 Setembro 2024
Candidaturas “climáticas” avançam, mas infratores ambientais injetam milhões nas disputas, e há cidades em que ser alvo de órgãos ambientais é visto como trunfo eleitoral.
A informação é publicada por ClimaInfo, 26-09-2024.
A “Bancada do Clima”, articulação que pretende reunir candidaturas de todo o país comprometidas com o meio ambiente e com um futuro sustentável, viu o número de adesões saltar de cinco para 185 cerca de uma semana após o seu lançamento, no dia 11 de setembro. Encabeçado por Marina Bragante (REDE), que concorre a uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo, o grupo reúne candidatos ao cargo de vereador filiados a diferentes partidos, como PSDB, PT, PSOL, MDB, PDT, PSB, PSD e Partido Verde, além da REDE Sustentabilidade.
A iniciativa é apoiada pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembra a Folha. A ministra reforça que a ampla participação da sociedade e de atores políticos em todos os níveis são indispensáveis para o enfrentamento da “grave e profunda” crise provocada pelas mudanças climáticas. “Razão pela qual é tão bem-vinda e necessária a iniciativa da Bancada do Clima”, reiterou.
Não há dúvida da urgência da agenda climática na pauta das eleições municipais. No caso das capitais, candidatos a prefeito dizem que vão priorizar o tema, mas seus planos de governo ainda não refletem essa visão. É o que aponta um levantamento que cruza respostas enviadas pelos candidatos ao Climômetro – iniciativa da Agência Pública para analisar o posicionamento deles em relação às mudanças climáticas – com o que apresentam em suas propostas de governo.
Pior que ser vago é agir contra a agenda climática e ambiental. Nesse sentido, ao menos R$ 8,4 milhões foram injetados nas eleições municipais de 2024 por meio de doações de 836 pessoas físicas já multadas pelo IBAMA desde 2005. O montante financia a campanha de 1.059 candidatos. Cidades com grande influência do agronegócio se destacam com maior recebimento de repasses de autuados pelo órgão ambiental, segundo a Folha. É o caso de municípios mato-grossenses como Confresa, Sorriso, Sinop e São Lucas do Rio Verde, de Paracatu (MG) e de São Gabriel do Oeste (MS).
No Pará, candidatos ligados ao garimpo continuam avançando nas eleições. Segundo levantamento d’O Globo com base em dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e da Agência Nacional de Mineração (ANM), 101 nomes vão tentar se eleger prefeito, vice ou vereador em outubro. Número que supera até mesmo 2020, quando, impulsionados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, defensor do garimpo em áreas de proteção ambiental, 93 nomes ligados à atividade concorreram.
Um quinto das candidaturas deste ano se concentra em três cidades no sudoeste paraense: Itaituba, Jacareacanga e Novo Progresso. Todas elas figuram na lista dos dez municípios com mais alertas de garimpo registrados no ano passado.
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Clima e eleições: “Bancada do Clima” passa de 5 para 185 candidaturas em uma semana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU