12 Agosto 2024
A reportagem é publicada por Religión Digital, 11-08-2024.
O padre nicaraguense Leonel Balmaceda, da Diocese de Estelí, no norte da Nicarágua, foi detido neste sábado pela Polícia Nacional em meio a tensões entre o Governo do presidente Daniel Ortega e a Igreja católica, denunciaram fiéis e opositores.
Balmaceda, que dirige a paróquia Jesus de Caridade, no município de La Trinidad, departamento (província) de Estelí, foi detido durante a manhã por agentes policiais, conforme indicaram na rede social Facebook o organismo Info-Diócesis de Estelí e no X a ativista nicaraguense desnacionalizada Haydeé Castillo. Poucas horas depois, Denis Martínez, da Diocese de Matagalpa, também foi detido pela Polícia Nacional.
Segundo essas fontes, as autoridades também detiveram a leiga Carmen Sáenz, colaboradora da Cúria Episcopal da Diocese de Matagalpa. Por enquanto, nem o Governo da Nicarágua nem a Polícia Nacional ofereceram suas versões sobre a denúncia dessa detenção, e geralmente não costumam se pronunciar.
A Diocese de Matagalpa é dirigida do exílio pelo bispo desnacionalizado Rolando Álvarez, que foi libertado e enviado a Roma em janeiro passado.
O prelado católico também é o administrador apostólico da Diocese de Estelí.
Na quinta-feira passada, o Governo da Nicarágua informou que enviou ao Vaticano um grupo de sacerdotes nicaraguenses que, segundo fontes católicas, estavam detidos e sob vigilância policial no Seminário Interdiocesano Nossa Senhora de Fátima, em Managua.
Os sacerdotes nicaraguenses enviados ao Vaticano na quarta-feira passada são Edgar Sacasa, Ulises Vega, Marlon Velázquez, Víctor Godoy, Harvin Torres, Jairo Pravia e Silvio Romero, todos da Diocese de Matagalpa, norte da Nicarágua.
Fontes políticas disseram à EFE que o Governo de Ortega está pressionando o Vaticano para nomear um novo bispo na Diocese de Matagalpa e na Diocese de Estelí.
O Governo de Ortega acordou em janeiro passado com a Santa Sé o envio ao Vaticano de Álvarez e do bispo Isidoro Mora, junto a 15 sacerdotes e dois seminaristas nicaraguenses, que estavam privados de liberdade.
No dia 18 de outubro passado, o Governo nicaraguense também libertou 12 sacerdotes e os enviou ao Vaticano após um acordo com a Santa Sé, embora entre esses não estivesse o bispo Álvarez, que resistia em abandonar o país.
Antes, no dia 9 de fevereiro de 2023, as autoridades libertaram outros oito sacerdotes e os enviaram aos Estados Unidos, como parte de 222 libertados políticos nicaraguenses.
Naquela ocasião, o bispo Álvarez, que estava em prisão domiciliar, se recusou a embarcar no avião, foi enviado a uma prisão de segurança máxima, e condenado a 26 anos e quatro meses de prisão, despojado de sua nacionalidade, e seus direitos cidadãos foram suspensos por toda a vida, por crimes considerados traição à pátria.
A condenação contra o alto prelado foi decretada um dia depois de ele ter rejeitado embarcar no avião que o levaria, junto com outros 222 libertados políticos nicaraguenses, para os Estados Unidos, o que provocou a indignação do presidente Ortega, que em cadeia nacional o qualificou de "soberbo", "desquilibrado" e "energúmeno".
As relações entre o Governo de Ortega e a Igreja católica vivem momentos de grande tensão, caracterizadas pela expulsão e encarceramento de sacerdotes, a proibição de atividades religiosas e a suspensão de suas relações diplomáticas.
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Nicarágua. Outros dois padres detidos, enquanto o regime pressiona o Vaticano para nomear um sucessor para Rolando Álvarez - Instituto Humanitas Unisinos - IHU