19 Julho 2024
Depois de ir visitar a casa de sua avó destruída por causa do furacão Beryl em Granada, Simon Stiell ressaltou a urgência da luta climática.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 19-07-2024.
O secretário-executivo da Convenção-Quadro da ONU sobre Mudanças Climáticas (UNFCCC), Simon Stiell, estava em um cenário muito distante das salas de reunião nos quais costuma falar sobre a crise climática. Ao invés disso, ele estava nas ruínas de uma casa em Granada, no Caribe. Mas não era qualquer casa: era o lar de sua avó, na ilha de Carriacou, onde ele cresceu.
A casa foi uma das devastadas pela passagem do furacão Beryl, a tempestade de categoria 5 mais precoce já registrada no Atlântico e a mais destrutiva desta temporada de furacões até o momento. O rastro de destruição de Beryl não se limitou à Granada: o furacão deixou marcas nas Ilhas Cayman, na península de Yucatán (México), e no Texas (EUA).
Comovido pela destruição causada por Beryl à casa de sua avó, Stiell ressaltou que essa situação vem se tornando muito familiar a centenas de milhões de pessoas ao redor do mundo, que assistem impotentes à procissão de eventos climáticos extremos nos últimos anos.
“O que a crise do clima fez com a casa da minha avó não pode se tornar o novo normal da humanidade. Ainda podemos evitar isso, mas só se as pessoas, em todos os lugares, se manifestarem e exigirem ações climáticas ousadas agora, antes que seja tarde demais”, afirmou o secretário-executivo da UNFCCC em um discurso emocionado.
“Tragicamente, essa perturbação de vidas e meios de subsistência causada por Beryl não é única. É o crescente custo da carnificina climática desenfreada, em todos os países. Se os governos em todos os lugares não agirem, toda a economia e oito bilhões de pessoas enfrentarão esse trauma contundente de frente, de forma contínua”, disse Stiell. Financial Times e Folha repercutiram o apelo.
O secretário-executivo da UNFCCC também apontou para o G20, o grupo das maiores economias do mundo e responsável por 80% das emissões globais de gases de efeito estufa, como um ator crucial para acelerar a ação climática global. O grupo é presidido pelo Brasil neste ano.
“[O G20] deve liderar o caminho com novos e revolucionários planos climáticos nacionais, previstos para o início de 2024, e que cumpram a promessa que todos os países fizeram em 2023 de abandonar os combustíveis fósseis”, disse Stiell, citado pelo Valor.
Ainda sobre o furacão Beryl, o Guardian destacou o pedido de líderes caribenhos ao governo do Reino Unido em favor de um “Plano Marshall” para as ilhas afetadas pela tempestade. Encaminhada aos novos ministros David Lammy (relações exteriores) e Rachel Reeves (economia), a carta lembrou o padrão contínuo de furacões destrutivos no Caribe, com a destruição de cidades inteiras e a perda generalizada de meios de subsistência.
Os líderes caribenhos pedem o cancelamento imediato da dívida externa de seus países com o Reino Unido, a reestruturação de dívidas, novos empréstimos mais baratos, melhor acesso a subsídios para danos relacionados ao clima e um programa de grande escala para construir infraestrutura verde e resiliente no Caribe.
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G20 tem que liderar ação climática global, defende secretário-executivo da UNFCCC - Instituto Humanitas Unisinos - IHU