03 Julho 2024
O ex-presidente voltou a levantar a ideia de que a ação da semana passada foi auto-gerada pelo presidente Luis Arce.
A reportagem é publicada por Página|12, 03-07-2024.
O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, questionou novamente nesta terça-feira a tentativa de golpe de Estado ocorrida na semana passada no governo de Luis Arce, pedindo uma investigação transparente e imparcial.
"O que aconteceu em 26 de junho é muito estranho. Durante o golpe de Estado de novembro de 2019, tentaram nos matar, nos perseguiram, não apenas a mim, mas a outras autoridades, ministros, governadores, prefeitos, líderes, queimaram casas, assassinaram muitos irmãos", denunciou Morales através de suas redes sociais. "Tudo isso contou com a cumplicidade e o apoio dos Estados Unidos e de Luis Almagro", acrescentou.
As declarações do ex-presidente surgem após o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, repudiar veementemente a tentativa golpista. O governo dos Estados Unidos também se manifestou por meio de um comunicado, observando a situação no país sul-americano e prometendo monitorar todas as declarações sobre a tomada militar.
Morales questionou ambas as manifestações. "Por que desta vez tanto a OEA quanto os Estados Unidos condenaram a ação militar? Se estivessem por trás da tomada militar, não teriam apoiado Zuñiga?", perguntou, além de solicitar novamente uma investigação transparente e imparcial sobre a tentativa de golpe liderada por militares sob o comando do destituído comandante geral do Exército, Juan José Zuñiga.
Lo sucedido el pasado 26 de junio es muy extraño. Durante el golpe de Estado de noviembre de 2019, intentaron matarnos, nos persiguieron, no solo a mi, sino a otras autoridades, ministros, gobernadores, alcaldes, dirigentes, quemaron casas, asesinaron a muchos hermanos. Todo eso… pic.twitter.com/mt58pm9NGP
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) July 2, 2024
Não é a primeira vez que o ex-presidente boliviano duvida do levante militar. "Eu pensava que era um golpe, mas agora estou confuso: parece um autogolpe", afirmou Morales no domingo durante seu programa na Rádio Kawsachún Coca. "Mas sinto, não sei se estou errado, que Lucho faltou com o respeito, com a verdade; ele nos enganou, mentiu não apenas para o povo boliviano, mas para o mundo inteiro", acrescentou o influente líder indígena referindo-se a Arce.
Morales disse que, por fontes de um ministério, soube que Arce estava planejando entregar a presidência a uma junta militar para evitar que ele voltasse à presidência. Também questionou o fato de Arce, em substituição ao destituído Zuñiga, ter nomeado o general José Sánchez para liderar o Exército, mesmo este tendo supostamente participado do planejamento da tentativa de golpe.
O presidente Arce respondeu às declarações. "Evo Morales, não se engane mais uma vez! Claramente, o que ocorreu em 26 de junho foi um golpe militar fracassado na Bolívia", escreveu o presidente boliviano em suas redes sociais.
O ex-presidente boliviano havia sido um dos primeiros a alertar em suas redes sociais sobre o levante armado, quando tropas com tanques, lideradas pelo ex-comandante Zuñiga, cercaram o palácio presidencial. Após a tomada militar, o ex-comandante foi capturado e está sob prisão preventiva por crimes de levante armado e terrorismo. Zuñiga está sendo processado junto com outros 20 militares pelos mesmos crimes, e a maioria está detida preventivamente.
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Evo Morales criticou os EUA e a OEA pela condenação à tentativa de golpe na Bolívia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU