10 Junho 2024
"No leito do Guaíba se encontra um bomba ambiental, um monstro talvez pior do que o da enchente. É preciso juntar o que está esparsamente pelas universidades, pesquisadores, recantos de órgãos públicos, para o diagnóstico e o diagnóstico de tratamento.", escreve Tau Golin, jornalista e professor-pesquisador dos cursos de graduação e pós-graduação em História da Universidade de Passo Fundo, Pós-doutor em História pela Universidade de Lisboa (Portugal) e pela Universidad de la República (Uruguai), em artigo publicado por Sul21 e reproduzida no Facebook de Augusto Schröder, 09-06-2024.
A justificativa para não desassorear o Guaíba – uma das causas do agravamento de suas enchentes - é a sua contaminação por metais pesados lançados pela indústria que estava e ainda está em seus tributários, os quais estão decantados na sua tensa e bancos de areia.
A dragagem revolveria os sedimentos e isto impediria que o estuário Rio Guaíba servisse para captação de água para uso humano. Nem a sua areia poderia ser destinada para a construção.
Tema tão sério para milhões de pessoas, para o meio ambiente e para a navegação, não aparece de forma transparente nas justificativas dos órgãos públicos. O assunto é preservado como segredo de Estado. Pior ainda, com o desmonte dos órgãos públicos que preservavam o conhecimento e o saber sobre as questões hídricas e navegação, sequer existem memórias relevantes sobre o fenômeno, exceto de alguns sobreviventes da última geração de funcionários e técnicos afogados pela onda neoliberal de prefeitos e governadores.
Em resumo: não se tem publicamente o diagnóstico, qual a dimensão da contaminação por metais pesados, e qual as alternativas para soluções que não seja a paralisia e o silêncio, porque no leito do Guaíba se encontra um bomba ambiental, um monstro talvez pior do que o da enchente. É preciso juntar o que está esparsamente pelas universidades, pesquisadores, recantos de órgãos públicos, para o diagnóstico e o diagnóstico de tratamento.
A complexidade e a solução do problema, diante do silêncio vergonhoso do despoder executivo, só pode ser provocado constitucionalmente pelo Legislativo e pelo Ministério Público. Do contrário, permaneceremos imersos na certeza dos palpiteiros e nos alarmismos das notícias sem fontes cientificamente confiáveis.
Em resumo, sequer se sabe o tamanho do problema. Algumas pesquisas apenas o identificaram e já alertaram que não é bichinho para se cutucar com vara curta.
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O monstro do Rio Guaíba. Artigo de Tau Golin - Instituto Humanitas Unisinos - IHU