29 Mai 2024
Gerou forte clamor a indiscrição midiática segundo a qual no diálogo a portas fechadas com os bispos italianos do último dia 20 de maio o Papa teria usado uma expressão colorida para indicar a sua posição desfavorável à admissão de pessoas com tendências homossexuais nos seminários.
A informação é publicada por Avvenire, 28-05-2024. A tradução é de Luisa Rabolini.
Um clamor sobre o qual esta manhã o diretor da Sala de Imprensa, Matteo Bruni, respondendo às perguntas dos jornalistas, disse que o Papa Francisco está “ciente dos artigos publicados recentemente sobre uma conversa, a portas fechadas, com os bispos da CEI”. Bruni acrescentou: “Como o Papa teve a oportunidade de afirmar em diversas ocasiões: ‘Na Igreja há espaço para todos, para todos! Ninguém é inútil, ninguém é supérfluo, há espaço para todos. Assim como nós somos, todos".
O Papa nunca teve a intenção de ofender ou se expressar em termos homofóbicos e pede desculpas àqueles que se sentiram ofendidos pelo uso de um termo, relatado por outros".
O site Dagospia foi o primeiro a falar sobre isso no domingo, informando que Francisco teria feito referência a uma gíria italiana ("frociaggine"). Posteriormente também um jornal diário em sua capa retomou a indiscrição. E depois todos os outros. A agência Ansa, na tarde de ontem, afirmou que “a severa intervenção do Pontífice é confirmada por várias fontes".
Nenhuma das quais, porém, oficial, pois o encontro entre o Papa e os bispos ocorreu a portas fechadas e com caráter informal e coloquial. Em relação ao diálogo de uma semana atrás, já se sabia - e o Avvenire também o havia amplamente relatado - que o tema dos seminários e da crise das vocações na Itália havia sido objeto de várias perguntas por parte dos bispos durante o diálogo que de fato abriu a 79ª Assembleia Geral, sendo um tema central também do Sínodo.
Perguntas às quais, como relatado por várias vozes e como é seu hábito, o Papa respondeu com cordialidade e franqueza.
Mas até agora nada havia vazado sobre o objeto da indiscrição. De qualquer forma, a posição da Igreja não mudou nessa questão. Pode ser citada a esse respeito uma instrução do Dicastério para o Clero de 2005, no pontificado de Bento XVI. Naquele documento estava escrito que “a Igreja, embora respeite profundamente as pessoas em questão, não pode admitir no seminário e nas ordens sagradas aqueles que praticam a homossexualidade, apresentam tendências homossexuais profundamente enraizadas ou apoiam a chamada cultura gay".
A instrução foi confirmada em 2016 com o Papa Francisco. O assunto também não é novo no âmbito da CEI com os bispos que estão revendo a proporção de formação dos próprios seminários. E até mesmo no diálogo a portas fechadas com Francisco. Em 2018, o então cardeal presidente Gualtiero Bassetti deixou claro que não era a favor, também com base na sua longa experiência como educador no seminário e relatou as recomendações do Papa para uma escolha criteriosa dos candidatos ao sacerdócio.
Nihil novi, portanto. Porque, para além da expressão colorida eventualmente usada, o que sempre interessou ao Papa e aos bispos é ordenar sacerdotes capazes de ser “pastores com cheiro de ovelhas”, isto é, padres que estão no meio das pessoas.
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Gays nos seminários, o Papa pede desculpas: “Nunca tive intenção de ofender” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU