04 Abril 2024
Numa nova carta publicada durante a Semana Santa antes da Páscoa, mais de 140 líderes executivos de igrejas, denominações e organizações religiosas nos Estados Unidos e de todo o mundo pedem um cessar-fogo permanente em Gaza, exortam os EUA e os outros países a pararem novas vendas de armas a Israel e deixar claro que Israel, os Estados Unidos e todos os países devem respeitar a Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.
A reportagem é publicada por Riforma – revista semanal das igrejas evangélicas batista, metodista e valdense, 05-04-2024. A tradução é de Luisa Rabolini
Os signatários das cartas incluem líderes da Igreja evangélica luterana nos EUA, da Igreja episcopal, da Convenção batista, das igrejas metodistas, quakers, menonitas, vários representantes católicos e anglicanos e muitos outros.
“Enquanto os cristãos de todo o mundo se preparam para comemorar o sofrimento final da vida terrena de Jesus Cristo durante a Semana Santa – lemos na carta –, somos solidários com todos aqueles que sofrem na Terra Santa. Durante a Semana da Paixão, católicos, protestantes e ortodoxos se empenham na oração, na reflexão e no arrependimento. Arrependemo-nos pela maneira com que não ficamos ao lado dos nossos irmãos palestinos num testemunho fiel no meio da sua dor, agonia e tristeza. O testemunho cristão e o empenho no mundo devem ser marcados pela fidelidade a Deus, pelo amor ao próximo e pela misericórdia para com aqueles que sofrem e estão necessitados.
Porque as Sagradas Escrituras ensinam: “Fazei justiça ao pobre e ao órfão; justificai o aflito e necessitado” (Salmo 82, 3).
A carta continua: “Enquanto a devastação, os bombardeios e a invasão terrestre em Gaza continuam no seu sexto mês, os palestinos, incluindo os nossos irmãos cristãos palestinos, clamam ao mundo, perguntando: “Onde estás?”, os líderes mundiais responderam com retórica vazia e insultos políticos para enfrentar a “crise humanitária” em Gaza, ignorando as causas diretas da catástrofe.
Essas causas são os bombardeios cotidianos e a invasão de terras pelo exército israelense, além da interrupção dos serviços básicos de subsistência a mais de dois milhões de pessoas que sofrem as consequências por crimes não cometidos.
A Igreja global – e o mundo – não podem permanecer em silêncio enquanto pessoas continuam a morrer em Gaza devido a ataques militares, falta de cuidados médicos adequados, fome e doenças.
Os Estados Unidos, o Reino Unido, Israel e outros países devem assumir a sua responsabilidade como signatários da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.
A maior militarização do conflito pelos Estados Unidos e outras nações não torna ninguém mais seguro e, na verdade, prolonga o sofrimento e causa mais morte e destruição.
Pedimos a Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, Austrália e França que se unam aos Países Baixos, Bélgica, Espanha, Itália e Japão para impedirem mais ajudas militares e armas a Israel e não serem cúmplices na campanha militar em curso que está ocorrendo com efeitos tão devastadores sobre os civis em Gaza.
Dizemos: “Chega de matar!”, e juntos pedimos um cessar-fogo global e permanente.
Em 7 de outubro, o Hamas atacou o sul de Israel, matando cerca de 1.200 israelenses e internacionais e fazendo mais de 240 pessoas reféns em Gaza.
Fomos claros em condenar essas ações do Hamas, que constituem um crime hediondo.
Acredita-se que pelo menos 100 reféns ainda poderiam estar sendo mantidos em cativeiro em Gaza. Pedimos constantemente que os restantes reféns sejam devolvidos às suas famílias.
Nós, como líderes cristãos globais, estamos ao lado dos nossos irmãos e irmãs em Cristo na Palestina e no mundo e dizemos que a matança deve parar e a violência deve acabar.
Pedimos aos líderes mundiais para que exerçam uma forte coragem moral para pôr um fim imediatamente à violência e abrir um percurso para a paz e o fim dos conflitos. Pedimos um cessar-fogo permanente e global em que todos os combatentes deponham as armas e os reféns israelenses e os presos políticos palestinos detidos sem o justo processo sejam libertados.
É necessário prestar assistência humanitária imediata e adequada aos mais de dois milhões de palestinos de Gaza que têm necessidades tão desesperadas. Apoiamos os esforços no sentido de uma solução negociada que enfrente as principais causas da crise atual e coloque um fim às violações dos direitos do povo palestino que duram há décadas em conformidade com o direito internacional. Tais soluções devem promover a segurança e a autodeterminação dos israelenses e dos palestinos. Enquanto nos preparamos para o Semana Santa, lamentamos e rezamos para receber conforto para todos aqueles que perderam seus entes queridos nos últimos meses em Gaza, Jerusalém Oriental, Cisjordânia e Israel. Sabemos que o próprio Jesus estava entre aqueles que sofriam e confortava aqueles que estavam com o coração partido. Dizemos: “Chega de atrocidades em Gaza; chega de violência, morte e destruição! Que o amor possa triunfar sobre o ódio”.
Mantemos a esperança de que a paz seja possível mesmo no meio desta hora mais escura”.
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“Chega de atrocidades em Gaza!”, afirma manifesto de líderes religiosos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU