22 Março 2024
Homens do centro e intermediários: assim definiu o novo rumo da Conferência Episcopal Polonesa o diretor da agência católica Kai, M. Przecszewski. Do centro, porque não se assemelham aos mais intransigentes e aos mais progressistas. Intermediários, porque não representam as figuras mais proeminentes na assembleia.
A reportagem é de Lorenzo Prezzi, publicada por Settimanna News, 21-03-2024.
O novo presidente é Dom Tadeusz Wojda, bispo metropolitano de Gdańsk, e o vice-presidente é Dom Jozef Kupny, bispo de Wrocław.
Wojda (67 anos) é um religioso pallottino, doutor em missiologia e já atuou no Dicastério para a Evangelização dos Povos. Desde 2017, é bispo primeiro em Białystok e depois em Gdańsk. Destacou-se pelo cuidado na formação permanente de seus padres e pelo esforço em dar espaço aos leigos.
Depois de sua longa estada em Roma, procurou "tornar-se polonês novamente", fiel às sensibilidades de sua Igreja, pouco inclinado a seguir as sugestões da Europa Ocidental (Alemanha e França), embora tenha feito doutorado em missiologia em Lovaina e Münster. Atento aos jovens, enfrentou com generosidade a onda de refugiados da Ucrânia em guerra.
Desenvolveu boas relações com os bispos ortodoxos de suas dioceses, continuando a cultivar a devoção mariana e eucarística de seu povo. Intransigente na defesa do matrimônio e da família, não compartilhou os protestos das mulheres contra o endurecimento da legislação do aborto.
Não tão proeminente, Jozef Kupny é o vice-presidente da conferência episcopal. Nascido em 23 de fevereiro de 1956 e ordenado padre em 1983, tornou-se bispo em 2006. Desde 2013, é bispo de Wrocław e chanceler da faculdade pontifícia local de teologia. É doutor em Filosofia e Sociologia.
Em alguns meses, também o atual secretário-geral da conferência episcopal, Dom Artur Mizinski, será substituído, dando a oportunidade para uma renovação das principais figuras da liderança episcopal. Até porque as figuras anteriores (Stanisław Gądecki e Marek Jędraszewski) serão bispos eméritos em alguns meses.
A radical renovação social e política resultante das últimas eleições obriga o episcopado a redefinir suas posições públicas. A década anterior foi caracterizada por uma clara aliança da Igreja com a maioria conservadora, utilizando todas as suas possibilidades, mas também cobrindo e comprometendo-se com suas fraquezas.
As escolhas feitas na última assembleia indicam a impossibilidade de repetir o passado (mesmo que Gądecki, sem o constrangimento do mandato, pudesse esperar uma renovação), mas não fornecem um projeto coerente para o futuro.
Certamente, a longa familiaridade de Wojda com a Cúria Romana garante uma relação direta com Roma e uma linguagem comum, assim como um diálogo mais atento e respeitoso com a nova maioria e o novo governo, mas não parece garantir a superação da profunda divisão que atravessa a sociedade e o catolicismo polonês.
No coro previsível e sincero dos elogios, não faltam dissonâncias. Alguns preveem que a queda dos frequentadores continuará, que aqueles que se afastaram da Igreja não encontrarão motivos para reconsiderar sua escolha, que o traço clerical não será afetado e corrigido. Os "reformistas" esperavam homens como o cardeal Wojciech Polak ou o cardeal Grzegorz Ryś e uma direção mais em sintonia com o Papa Francisco.
A assembleia episcopal polonesa reafirmou a prioridade pastoral da família, o direito inviolável à vida (aborto e eutanásia) e o casamento como união de um homem e uma mulher. Além disso, os bispos estabeleceram um grupo de trabalho sobre a proposta do governo que prevê um espaço menor e uma maior voluntariedade no ensino da religião nas escolas. Enfatizam a importância educativa, cultural e social do ensino religioso na escola pública.
Afirma-se a direção de ampliar o trabalho no sentido da proteção das crianças, em que até agora trabalham 70 pessoas. Também neste caso será necessário lidar com a nova legislação do executivo.
Outro grupo de trabalho será estabelecido para abordar a questão do fundo para a Igreja. Até agora, o governo destinava à Igreja um fundo considerável (o último, em 2023, foi de 50 milhões de euros), mas a atual maioria pressiona por um financiamento mais ligado aos fiéis do que ao Estado.
A assembleia saudou com convicção o presidente e o vice-presidente em fim de mandato. Gądecki começou seu papel com a fama de mediador paciente, mas depois se revelou muito mais protagonista, com uma abordagem ancorada no magistério de Wyszyński e de João Paulo II e pouca sintonia com o de Papa Francisco. Cobriu com sua autoridade a direção do governo de direita (mas não todas as suas decisões) e abordou de maneira dura as questões do aborto e das famílias homossexuais. Em sua despedida aos bispos, assim sintetizou os eventos mais difíceis e os mais alegres de seu serviço.
Entre os momentos difíceis, Gądecki lembrou a pandemia, a guerra na Ucrânia, os encontros com as vítimas de pedofilia do clero, o discurso televisivo relacionado à pandemia, as "marchas negras", ou seja, as manifestações das mulheres por uma disciplina abortiva mais ampla, as cartas ao patriarca Kirill denunciando seu apoio à guerra. Por fim, a carta ao presidente da Conferência Episcopal Alemã, Dom Georg Bätzing, na qual expôs críticas fundamentais ao Caminho Sinodal alemão. Trata-se de uma carta que os alemães consideraram pretensiosa e infundada, enquanto os católicos intransigentes a compartilharam.
Entre os momentos positivos e edificantes, o prelado lembrou a recepção generalizada e generosa dos poloneses aos refugiados ucranianos, a proibição da eutanásia eugênica, os 1.050 anos do batismo da Polônia e a instituição do Dia do Judaísmo.