Não assassinam apenas os palestinos, assassinam também o judaísmo!

Foto: Anadolu Agency

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23 Janeiro 2024

Em três meses de guerra, houve mais de 30 mil mortos ou desaparecidos em Gaza, ou seja, 1,5% da população. É um percentual igual ao número de franceses mortos em cinco anos durante a Segunda Guerra Mundial.

O comunicado é da Coordenação Nacional da União Juive Française pour la Paix (UJFPUnião Judaica Francesa pela Paz), publicado por UJFP, 06-01-2024. Tradução de Luisa Rabolini.

75% dos mortos são mulheres, crianças, idosos. O pretexto de “erradicar” o Hamas é grotesco, trata-se claramente de uma guerra de extermínio da população de Gaza.

Quase toda a infraestrutura foi destruída, incluindo hospitais e escolas. A população, deslocada em massa e bombardeada, está sem abrigo e faminta.

Em Israel, as barreiras morais ruíram

As declarações dos dirigentes israelenses são inequívocas: “Os Palestinos são animais humanos”. “Trouxemos Gaza de volta à idade da pedra”, “Lançar uma bomba atômica sobre Gaza, é uma opção”. “Se encorajarmos a emigração, se em Gaza ficarem 200 mil árabes e não mais 2 milhões, o discurso sobre o depois será completamente diferente”., “Matei muitos árabes na minha vida, não vejo onde está o problema”... a lista seria longa.

Essas declarações de assassinos são seguidas de atos: as imagens de bairros pulverizados, de milhares de crianças massacradas, de famílias inteiras aniquiladas, do êxodo sem fim de uma população deliberadamente exposta à fome, de hospitais destruídos… são visíveis em toda parte. É impossível negar o que está acontecendo. Essa destruição de Gaza é acompanhada por outros assassinatos em Jenin ou Huwara e por uma generalização da tortura dos prisioneiros.

Em Israel, grande parte da opinião pública não tem mais caráter de humanidade, como já aconteceu em outras sociedades. Esses crimes são aplaudidos. As mídias deleitam-se com o sofrimento palestino.

A vida do outro não tem nenhuma importância. O supremacismo, a desigualdade dos direitos é um pressuposto.

E os judeus?

O Estado de Israel se define como um Estado judeu. As colônias que marcam a Cisjordânia se intitulam “colônias judaicas”. Os sionistas consideram que todo judeu que não apoia Israel é um traidor.

Matam o judaísmo, tanto secular como religioso. Sendo minoria muitas vezes oprimida, os judeus lutaram pela sua emancipação, ligando-a àquela da humanidade. Muitas vezes foram defensores de valores universais. Para os religiosos, o povo eleito tem o dever de se comportar bem e é proibido atentar contra a existência do próximo.

O que o Estado de Israel inflige aos Palestinos repete em muitos aspectos o que o antissemitismo infligiu aos judeus. Os dirigentes israelenses não têm direito nenhum de se reportar à memória dos guetos. Hoje Gaza é um gueto. Esses mesmos dirigentes não têm direito nenhum de reportar-se à memória do genocídio nazista. Os judeus exterminados eram dominados. Eram considerados uma população “supranumerária”. Foram vítimas de uma ideologia de extrema direita. Hoje os Palestinos estão sendo tratado como "supranumerários".

Em 1945, o regime nazista caiu, mas não as suas ideias. A extrema direita, racista, colonialista, supremacista, que atropela os direitos fundamentais, está no poder em Israel e é aliada a todas as forças de extrema direita no mundo, incluindo aquelas antissemitas. Também assassinam a memória do genocídio nazista.

Do crime ao suicídio

A UJFP dirige-se aos judeus, seja em Israel, na França ou em qualquer outro lugar. Existe um direito internacional, existem direitos humanos, fora dos quais está a barbárie generalizada. O Estado de Israel deixou o bom caminho. Apoiar o que esse Estado faz, ser cúmplices do genocídio em curso em Gaza, não é apenas imoral. É totalmente suicida. Quem pode pensar que os israelenses poderão eternamente se impor com a violência extrema e a negação do outro? Quem pode pensar que o apoio incondicional aos assassinos que cometem crimes repetidos não coloca os judeus em perigo?

Terminamos com o que declararam dois ilustres judeus:

Yeshayahou Leibowitz: “A ocupação destrói a moralidade do ocupante”. A respeito de Sabra e Chatila (1982) falou de mentalidade “judaico-nazista”.

Marek Edelman, segundo em comando na insurreição do Gueto de Varsóvia: “Ser judeus é estar sempre do lado dos oprimidos."

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