15 Dezembro 2023
"Qual será a Igreja de amanhã? Isso é feito abrindo-se horizontes mais amplos, depois de ter almejado espaços de comunhão e reconciliação para viver 'uma Igreja onde a liturgia não esteja mais separada do serviço do homem e o conhecimento de Deus do conhecimento do homem'".
O artigo é de Marco Roncalli, jornalista e escritor, e Elisa Roncalli, publicado por Avvenire, 13-12-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Continuo convencido de que o essencial e obrigatório diz respeito à salvaguarda do Evangelho que a Igreja não deve distorcer para fins outros. Porque a grande tentação sempre presente é colocar a Igreja no lugar do reino de Deus, que sempre é em devir..."
Assim escreve Enzo Bianchi, fundador e ex-prior da comunidade monástica de Bose e, recentemente, membro da Fraternidade cristã de Casa della Madia, em Albiano d'Ivrea, abrindo o seu novo livro Dove va la Chiesa? [Para onde vai a Igreja?], mesmo título de sua coluna no "Vida Pastoral", da qual extrai vários textos dos últimos anos (São Paulo, 187 páginas, 18 euros).
BIANCHI, Enzo. Dove va la Chiesa? Editora San Paolo (Foto: Divulgação)
O livro, com a difícil pergunta estampada na capa com o nome e rosto do autor, seguindo várias direções, chega no final carregado de preocupações sobre a vida da Igreja “aqui e agora”, mas introduzindo outro difícil questionamento: qual será a Igreja de amanhã?
Isso é feito, no entanto, abrindo-se horizontes mais amplos, depois de ter almejado espaços de comunhão e reconciliação para viver “uma Igreja onde a liturgia não esteja mais separada do serviço do homem e o conhecimento de Deus do conhecimento do homem”. São páginas que apresentam reflexões sobre temáticas atuais no debate eclesial do nosso tempo. Entre essas, enquanto se repete o eco que nos pergunta que Igreja estamos construindo como testemunho do Deus que assumiu a condição humana, está, por exemplo, a fraternidade, o primado da Palavra, a transmissão da fé, a luta contra a mundanidade, o discernimento, a vida religiosa, a crise das vocações e a crise da fé que já não pode ser explicada apenas com a secularização ou o relativismo. E mais: a comunhão entre as Igrejas, a sinodalidade, o rosto da Igreja sinodal, expressão redundante se, por para usar as palavras do Papa Francisco retomadas de São João Crisóstomo “a Igreja ou é sinodal ou não é Igreja".
Todas temáticas que o autor aborda por diferentes perspectivas, às vezes com estados de ânimo diferentes, com esclarecimentos não supérfluos (especialmente aqueles sobre o poder mundano que entra em conflito com a autêntica pobreza da Igreja ou sobre o leitmotiv da Igreja do Papa Francisco em vez da Igreja de Jesus Cristo, etc.). Temáticas abraçadas, mesmo em seus entrelaçamentos, nos retornos intermitentes, por um olhar amplo. Onde em relação ao destino (precisamente: para onde vai a Igreja?) é valorizada a indicação do Evangelho de João “Eu sou o caminho” (incompreensível se o seguimento de Jesus for configurado como uma ética terapêutica, desprovida de referências escatológicas ou ao primado da graça); se valorizam os Padres da Igreja; se usam os sinais deixados pelas aulas da História do cristianismo. Ou seja, vinte séculos constelados de empenho na evangelização, testemunhos de caridade, luta em nome da verdade. Dois mil anos que viram - desde séculos longínquos até os nossos dias - heresias e perversões, perseguições entre irmãos, tentativas de reformas que “deram origem a primaveras bruscamente interrompidas por geadas repentinas", mas com o Evangelho e a fé cristã que depois "continuaram a renascer."
Reiterada a urgência de assumir a responsabilidade pela Igreja italiana chamada a transformações necessária de ser luz e sal, duas em particular - segundo Enzo Bianchi - são as instancias obrigatórias: “A reconfirmação da comunhão eclesial contra todo espírito e toda tentativa de divisão, de contraposição...", e a "corresponsabilidade de todos os batizados que poderia realmente amadurecer no percurso sinodal desejado pelo Papa Francisco”.
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“Para onde vai a Igreja?” entre Palavra, fé, sinodalidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU