06 Dezembro 2023
Ato no escritório da capital paulista pede que Estado tome medidas necessárias para responsabilização da empresa.
A reportagem é publicada por Brasil de Fato, 05-12-2023.
Militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e da Frente Povo Sem Medo fizeram um ato na manhã desta terça-feira (5) junto à sede da Braskem, na capital paulista, para cobrar justiça às vítimas dos crimes ambientais e sociais causados pela empresa em Maceió (AL).
Com faixas, bandeiras e cartazes, o grupo cobrou responsabilização da empresa. "Não é tragédia, é crime", destacou o movimento, que pede ação do poder público para garantir as medidas necessárias para que a mineradora seja responsabilizada. Em algumas áreas de Maceió, o risco de colapso do solo devido a décadas de exploração mineral é iminente.
O MTST destaca ainda a falta de apoio da empresa e do Estado, já que muitas pessoas diretamente atingidas pelo crime ainda não foram indenizadas, e há famílias em alojamentos improvisados. Cerca de 60 mil pessoas tiveram de deixar suas casas na capital alagoana.
"A gente fez essa ação para denunciar, para ir pra cima. Todo o Brasil está chocado pela situação e o que a gente observa é um descaso da empresa, que teve muitos lucros em cima de vidas de pessoas, de sonhos de pessoas", disse Débora Lima, coordenadora do MTST.
O problema começou em 2018, quando começaram a ser sentidos os efeitos da extração de sal-gema (que pode ser usado em cozinha e para produção de produtos como plástico do tipo PVC e soda cáustica). Cinco bairros da capital alagoana tiveram afundamento de solo devido à exploração do mineral, que é formado no subsolo, a cerca de mil metros da superfície.
Apesar de não ter havido mortes diretas, cerca de 60 mil pessoas tiveram de ser removidas de suas casas devido aos riscos de desabamentos. Muitas construções foram demolidas. Estudos apontam que o caso é a maior tragédia socioambiental em zona urbana no mundo.
A escavação para exploração das jazidas de sal-gema pela Braskem na capital alagoana durou cerca de 40 anos. O afundamento aconteceu porque a região tem uma falha tectônica. A consequência foi o afundamento do solo nos bairros de Bebedouro, Bom Parto, Farol, Mutange e Pinheiro, além da localidade de Flexal.
Em nota enviada à Agência Brasil, a Braskem disse que monitora a situação da mina e desde a última terça-feira (28) e isolou a área de serviço da empresa, onde são executados os trabalhos de preenchimento dos poços. "Os dados atuais de monitoramento demonstram que o movimento do solo permanece concentrado na área dessa mina", informou.
A empresa diz que também está apoiando a realocação emergencial dos moradores que ainda resistem em permanecer na área de desocupação e segue colaborando com as autoridades.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“Não é tragédia, é crime”: MTST protesta na sede da Braskem em SP pelos danos à população de Alagoas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU