21 Novembro 2023
Líderes cristãos da Terra Santa expressam solidariedade aos membros do Patriarcado Armênio de Jerusalém, que estão sendo forçados a ceder suas propriedades aos colonos judeus.
A reportagem é de Matthieu Lasserre, publicada em La Croix International, 20-11-2023. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Os líderes da comunidade ortodoxa armênia na Terra Santa expressaram grande preocupação com os esforços contínuos dos colonos judeus para colonizarem seu enclave cristão tradicional na Cidade Velha de Jerusalém.
“O Patriarcado Armênio de Jerusalém está possivelmente sob a maior ameaça existencial de sua história desde o século XVI”, afirmou uma declaração do dia 16 de novembro emitida pelo patriarcado.
Ao longo dos últimos dias, a polícia israelense expulsou muitos armênios de seus bairros. Vários colonos judeus, protegidos pelas forças da lei e da ordem, invadiram Jerusalém Oriental em uma tentativa de assumir o controle das terras pertencentes ao Patriarcado Armênio, que, por sua vez, acusa a construtora Xana Capital de querer se apoderar de um quarto do distrito comunitário.
No centro do problema está um polêmico contrato assinado pelas duas entidades em 2021, que desde então foi denunciado pela Igreja armênia.
“O Patriarcado Armênio cancelou recentemente um contrato contaminado com falsa representação, influência indevida e benefícios ilegais”, denunciou a chancelaria do patriarcado no dia 16 de novembro.
"Em vez de fornecer uma resposta legal ao cancelamento, os construtores (...) desconsideraram completamente a postura legal do patriarcado em relação a essa questão e, em vez disso, optaram pela provocação, agressão e outras táticas incendiárias de assédio, incluindo a destruição de propriedades, a contratação de provocadores fortemente armados e outras instigações", afirmou o comunicado.
Para além dos ambientes religiosos, várias associações comunitárias armênias denunciaram a política de colonização de Israel. De acordo com o contrato assinado em 2021, seria concedido aos colonos israelenses uma concessão de 99 anos para a construção de uma residência de luxo. O Patriarcado Armênio anunciou sua retirada do acordo no dia 26 de outubro.
Essa retirada foi deliberadamente ignorada pela construtora, que começou a destruir as infraestruturas.
“Nos últimos dias, a grande destruição e remoção de asfalto no terreno do Bairro Armênio foi feita sem a apresentação de licenças da prefeitura por parte da construtora ou da polícia”, lamentou ainda a Igreja armênia.
A polícia, garantindo a proteção dos colonos, prendeu vários membros da comunidade que se opunham a eles. As forças da lei e da ordem “optaram nos últimos dias por exigir que todos os membros da comunidade armênia desocupassem as instalações”, continuou a declaração do patriarcado.
“Pedimos a todas as comunidades cristãs de Jerusalém que apoiem o Patriarcado Armênio nestes tempos sem precedentes, pois este é mais um claro passo dado no sentido de pôr em perigo a presença cristã em Jerusalém e na Terra Santa”, afirmou.
Os líderes das outras Igrejas cristãs da Terra Santa responderam a esse apelo no último sábado, emitindo uma declaração prometendo sua solidariedade ao Patriarcado Armênio.
“Nós compartilhamos a grande preocupação com os recentes acontecimentos ocorridos no bairro armênio de Jerusalém”, escreveram os patriarcas e líderes eclesiais na Terra Santa, denunciando métodos que resultam no “enfraquecimento” e em “pôr em perigo” toda a comunidade cristã.
“Estamos preocupados que estes acontecimentos potencialmente ponham em perigo a presença armênia em Jerusalém, pois estabelecem um precedente para ações semelhantes”, alertaram os representantes cristãos.
“Estamos convencidos de que questões dessa natureza só devem ser tratadas por meio de negociações e procedimentos legais, a fim de evitar novas escaladas e violência”, afirmaram.
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Líderes cristãos defendem armênios que enfrentam despejo em Jerusalém - Instituto Humanitas Unisinos - IHU