19 Setembro 2023
O mundo debate-se com diferentes formas de fragilidade, que são sociais, políticas e ambientais. “A questão para nós é como a diaconia, ou o serviço da igreja, pode alinhar-se com o plano de Deus para prosperar, proteger, dar esperança e um futuro a todas as pessoas? Como pode a diaconia ecumênica ser uma fonte de esperança num mundo caracterizado pela fragilidade?”
A reportagem é publicada por Edelberto Behs.
A pergunta é do diretor do programa para Testemunho Publico e Diaconia do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Kenneth Mtata, em conferência proferida em encontro reunido em Neuedettelsau, Alemanha, dias 6 a 10 de setembro. “Se a diaconia ecumênica quiser dar esperança ao mundo, deve não só abordar as necessidades econômicas imediatas daqueles que sofrem tal violência econômica, mas também deve abordar as injustiças estruturais que perpetuam tal sofrimento e fragilidade”, enfatizou.
A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) define fragilidade como “a combinação de exposição ao risco e capacidade de resposta insuficiente” dos estados, sistemas e comunidade do mundo “para gerir, absorver ou mitigar esses riscos”.
Essa fragilidade, explicou Mtata, não é apenas aquela causada pela violência, “mas também por todas as formas de privação e negligência que diminuem a qualidade de vida ou o acesso a uma vida abundante para todas as pessoas. Infelizmente, essa fragilidade não é distribuída de forma equitativa. É estrutural. Algumas partes do mundo são mais frágeis do que outras. Alguns setores da sociedade são mais frágeis do que outros”. Por isso, apontou, a fragilidade é, “no seu verdadeiro sentido, uma questão de justiça”.
Depois de trazer exemplos das fragilidades econômica, social, ambiental e de governança na África, Ásia e América Latina, Mtata arrolou que a Igreja, para responder de maneira eficaz a elas, deve recuperar a Teologia do Cuidado, que é a base da diaconia. Recuperar a Teologia do Serviço compassivo e humilde, anunciou, é o ponto de partida certo para a intervenção das igrejas para a cura de um mundo frágil.
Uma rápida olhada em alguns textos [da Escrituras Sagradas] mostrará que o ministério de Jesus tinha como premissa o serviço, apontou Mtata. É o caso de Mateus 25, 35-36: “Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, eu era estrangeiro e me convidaste para entrar; eu precisava de roupa e me vestiste; eu estava doente e me cuidaste; eu estava na prisão e me visitaste”.
O texto, frisa Mtata, “sublinha a importância de cuidar dos necessitados, a ponto de ser entendido como o critério para o julgamento final na Igreja primitiva”. As igrejas, na época, divergiram em muitas questões, “mas numa coisa elas tinham um entendimento comum: Todas elas lembravam que ajudar os pobres era um tema central”, afirmou. Hoje, lamentou, as igrejas lutam com diferenças éticas que podem facilmente afetar a sua ação diaconal. “A unidade ao serviço às necessidades deve ser capaz de transcender as diferenças doutrinárias”, proclamou.
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Igreja deve recuperar a Teologia do Cuidado para atender a humanidade sofrida - Instituto Humanitas Unisinos - IHU