06 Setembro 2023
Países do Sul Global sofrem mais com crise climática e carecem de recursos, enquanto os bancos aplicam US$ 3,2 trilhões em combustíveis fósseis na região.
A reportagem é publicada por ClimaInfo, 05-09-2023.
Os bancos estão investindo trilhões de dólares na expansão das indústrias de maiores emissões de gases de efeito estufa no Sul Global, notadamente combustíveis fósseis e agronegócio.
Instituições financeiras globais, incluindo o HSBC, o Citigroup e o Barclays, liberam, em média, 20 vezes mais financiamentos para as principais causas das mudanças climáticas do que os recursos que os governos desses países recebem para soluções contra a crise climática.
Os dados fazem parte do relatório “How the Finance Flows: The banks fuelling the climate crisis”, da ActionAid, feito em parceria com a consultoria Profundo e lançado na 2ª feira (4/9). As instituições compilaram dados sobre empréstimos e subscrições dos principais bancos internacionais a empresas de combustíveis fósseis e do agronegócio, explicam Guardian e Euronews.
De acordo com o documento, entre 2016 e 2022 os bancos forneceram US$ 3,2 trilhões à indústria dos combustíveis fósseis para a expansão das operações no Sul Global. Nesse mesmo período, os principais bancos internacionais emprestaram e subscreveram pelo menos US$ 370 bilhões para a expansão da agricultura industrial global baseada no Sul.
“Esse relatório não deve ser ignorado pelos bancos que financiam a crise climática. O dinheiro do mundo está fluindo na direção errada. Desde o Acordo de Paris, os bancos forneceram 20 vezes mais financiamento para combustíveis fósseis e atividades agrícolas industriais no Sul Global do que os governos do Norte Global forneceram como financiamento climático aos países na linha da frente da crise climática. Isso é um absurdo e deve parar”, avalia o secretário-Geral da ActionAid Internacional, Arthur Larok.
O relatório mostra que os principais bancos de cada região que financiam combustíveis fósseis e agricultura industrial no Sul Global são HSBC, BNP Paribas, Société Générale e Barclays, na Europa; Citibank, JPMorgan Chase e Bank of America, nas Américas; e Banco Industrial e Comercial da China, China CITIC Bank, Banco da China e Mitsubishi UFJ Financial, na Ásia.
Em tempo: Inspirados pela famosa frase atribuída à rainha francesa Maria Antonieta – “Eles não têm pão? Que comam brioches!” –, ativistas da organização ANV-COP21 fizeram um protesto criativo contra a petroleira Total Energies, que “há mais de 50 anos contribui ativa e conscientemente para promover alterações climáticas no planeta”, mostra o Conexão Planeta. No leito seco do rio Agly, próximo à cidade de Perpignan, no sul da França, os ativistas usaram tinta orgânica num afresco gigante, que se baseia nos contornos do logotipo da Total – representando a silhueta de um personagem bebendo direto de uma mangueira de gasolina –, acompanhado pelo slogan irônico “Eles não têm mais água? Que bebam petróleo!”. Com a ação, denunciam a responsabilidade histórica e atual da empresa pelas mudanças climáticas e pela intensificação das secas que assolam a França. Vale lembrar que, por vários anos, a Total tentou explorar petróleo na foz do Rio Amazonas, hoje cobiçada pela Petrobras. Em 2018, desistiu do projeto, após mais um pedido de licença negado pelo IBAMA.
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Bancos investem trilhões de dólares em projetos de energia fóssil no Sul Global - Instituto Humanitas Unisinos - IHU