Proposta do governo para 2024 prevê orçamento de R$ 3,6 bilhões para MMA, o que representa corte de mais de 16% em relação a 2023.

A reportagem é publicada por ClimaInfo, 05-09-2023.

O governo apresentou na semana passada sua proposta de Orçamento da União para 2024. Em meio à pressão de investidores e do mercado financeiro para que o governo zere o déficit nas contas públicas já no próximo ano, o governo resolveu priorizar os gastos nas áreas sociais, como saúde e educação, e reduzir o de outros setores, como o ambiental.

A proposta de orçamento para o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) prevê R$ 3,6 bilhões para 2024. Esse montante representa uma redução de 16,06% no orçamento, com um corte de pouco mais de R$ 700 milhões em relação a 2023.

A redução dos gastos projetados para a área ambiental é preocupante, já que mantém uma trajetória de quase uma década de cortes orçamentários sucessivos que sucatearam a política ambiental brasileira, em especial durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2023). Como bem lembrou o portal R7, o orçamento previsto para 2024 é 72% inferior àquele observado uma década antes, em 2014, quando R$ 13,1 bilhões foram destinados ao MMA e suas autarquias.

O orçamento mais curto deve dificultar os esforços para retomada da política ambiental pós-Bolsonaro. “[O meio ambiente] foi muito sacrificado no governo Bolsonaro e [o MMA] tem muitas vagas a ocupar, pois ficou sem gente e sem dinheiro para suas ações”, comentou Míriam Leitão na rádio CBN.

Segundo O Globo, outra área que sofreu cortes foi o Ministério da Cultura: menos 10,3%.

Leia mais

• O pior presidente para o meio ambiente em 30 anos
• Meio Ambiente não resiste a mais um governo Bolsonaro, apontam especialistas
• Do desmonte à reconstrução, a agenda ambiental em cem dias do governo Lula
• Yanomami pedem 6,6 bilhões de reais de indenização por garimpo ilegal
• Não há verba para combate ao desmatamento, denuncia equipe de Lula
• Lula promete desmatamento zero da Amazônia
• Inclusão da mudança no clima em nome da pasta ambiental não é somente retórica, diz Marina Silva“
• O presidente Lula mudou e dará mais alta prioridade ao combate do desmatamento”, afirma Marina Silva
• Revogaço ambiental acaba com conciliação fake, reativa Fundo Amazônia e tira CAR da Agricultura
• Desmatamento acumulado em 2022 é o segundo pior em 15 anos, aponta Imazon
• Governo passa à transição a última taxa do desmate na Amazônia, mas não divulga na COP27
• Amazônia concentra 77% das emissões brasileiras ligadas ao desmatamento
• Emissões brutas causadas por desmatamento no Brasil cresceram 20%
• ‘Moratória da soja’ pouco reduziu o desmatamento na Amazônia