30 Agosto 2023
Por que o Papa vai para a Mongólia? A poucos dias da partida do Papa Francisco para Ulan Bator, muitos se perguntam o que motiva o Pontífice de 87 anos a fazer uma longa viagem para visitar um país onde vivem menos de dois mil católicos. Começam a circular análises que se referem à relevância estratégica da viagem papal ao país situado entre a Rússia e a China, com insights frequentemente interessantes. Que se tornam ainda mais interessantes quando se reconhece e não se ignora a dinâmica apostólica que naturalmente acompanha cada viagem papal.
A reportagem é de Gianni Valente, publicada por Agenzia Fides, 28-08-2023.
O sétimo e último vídeo-reportagem produzido para a Agênzia Fides por Teresa Tseng Kuang yi em vista da viagem do Papa Francisco à Mongólia (31 de agosto a 4 de setembro) relata a expectativa do Pontífice no grande país centro-asiático e em sua pequena Igreja. E através de imagens, relatos e testemunhos coletados na Mongólia, dá uma visão das razões da viagem, seguindo caminhos menos percorridos.
O Sucessor de Pedro viaja pelo mundo – como também aconteceu com o primeiro Bispo de Roma – para "confirmar os irmãos na fé". No encontro com os irmãos e irmãs, ele também se alegra em ser confirmado na fé dos apóstolos. Ele dá um espetáculo e testemunho em suas viagens, Papa Francisco. Isso já estava escrito nas Cartas de São Pedro e São Paulo. "A visita do Papa à Mongólia", repete no vídeo-reportagem o padre Pietron Tserenkhand Sanjaajav, sacerdote mongol, "é um presente que Deus oferece para fazer crescer os fiéis na fé".
A fé dos apóstolos é aquela que o Cardeal Giorgio Marengo, prefeito de Ulan Bator, descreve com palavras precisas, em um trecho do vídeo-reportagem em que ele menciona os traços distintivos da pequena Igreja Católica da Mongólia. O prefeito apostólico de Ulan Bator fala de uma fé "que não tem grandes recursos ou sinais externos em que confiar, mas que conta com a presença viva do Senhor ressuscitado, no diálogo e no cuidado com os mais fracos".
Uma fé também ligada à experiência "de ser católico em uma condição de minoria, às vezes de marginalização". A pequena comunidade eclesial da Mongólia – continua o Cardeal Marengo – pode talvez oferecer ao restante da Igreja o presente "da frescura de uma fé que questiona a si mesma, que se deixa questionar pela realidade". Um presente gratuito que o Cardeal Marengo relaciona com a dimensão da "periferia", sempre lembrada pelo Papa Francisco, experienciável também por aqueles que vivem em contextos onde "se confrontam com uma maioria que tem outros pontos de referência".
Palavras e imagens do vídeo-reportagem sugerem que a visita do Papa Francisco à Mongólia deve ser vista e compreendida como um sinal dos tempos. A pequena Igreja da Mongólia, com sua característica "periférica", "tem algo a dizer ao resto da Igreja universal" (Marengo).
O Sucessor de Pedro vai à Mongólia, antes de tudo, para abraçar e ser abraçado por essa pequena Igreja e talvez para indicar e lembrar a todos que a Igreja é sempre e em todo lugar uma Igreja em crescimento. Mendicante, a cada passo, do dom eficaz da graça, ou seja, daquilo que opera "a presença viva do Senhor".
A Igreja pode voltar a se reconhecer como uma Igreja em crescimento também nos países onde estruturas eclesiásticas poderosas podem sucumbir à tentação de buscar uma relevância autossuficiente. Mesmo nas cidades onde se erguem magníficas catedrais milenares, hoje talvez pouco frequentadas, para que esses lugares não se tornem grandiosos destroços do passado.
O reconhecimento de ser uma Igreja em crescimento, mendicante da presença viva de Cristo, não esquece nada do passado. Todo o mistério da Igreja em sua jornada ao longo da história é abraçado com gratidão. No vídeo-reportagem, o prefeito apostólico de Ulan Bator reconecta a próxima visita do Papa Francisco à surpreendente história de contatos entre a Mongólia e a Igreja de Roma, que começou quase 800 anos atrás, quando em 1246 o Papa Inocêncio IV enviou o franciscano João de Pian del Carpine àquela terra distante com uma carta para entregar ao imperador mongol, que naquela época também dominava a China. O Cardeal Marengo também menciona a prontidão com que as atuais autoridades civis mongóis, em julho de 2022, enviaram uma delegação oficial a Roma para entregar ao Papa Francisco o convite para visitar o país deles. Assim, a novidade de uma Igreja em crescimento se reconecta com a história que a precede. O novo broto mostra que todo o tronco milenar que o sustenta está vivo. E o Sucessor de Pedro realiza o ministério para o qual foi chamado por Cristo, a serviço de uma unidade que conecta passado e presente, unindo povos diferentes e distantes.
O Bispo de Roma, ao ir à Mongólia, mostra a todos que a verdadeira fonte de unidade entre os cristãos é a fé que conta apenas "com a presença viva do Senhor". E sua visita aos irmãos e irmãs da Mongólia se torna um sinal e reflexo do amor de Cristo por todos, de acordo com o mistério de sua predileção, que prefere os pequenos e os pobres. Graças à visita do Papa de 87 anos, observa Marengo, a Mongólia, que parece distante para muitos, se torna próxima, próxima de cada coração cristão. Porque "o Sucessor de São Pedro, que se preocupa com esse pequeno rebanho, nos diz o quanto todas as pessoas, mesmo aquelas que vivem geograficamente em áreas talvez menos conhecidas do mundo, são importantes para Nosso Senhor".
Assim, o prefeito de Ulan Bator e todos os católicos da Prefeitura Apostólica podem confiar a visita papal à oração para que a viagem traga "esse dom de graça, de amizade entre os povos mais diversos, e também de testemunho, solidariedade e esperança para esse povo da Mongólia". Uma expectativa e uma súplica que também são expressas na pergunta mencionada pelo missionário salesiano Leung Kon-Chiu no início do vídeo-reportagem: "quem sabe que tipo de árvore crescerá a partir desta pequena semente".
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Mongólia. A igreja que espera o Papa Francisco - Instituto Humanitas Unisinos - IHU