Os comentários são de Xabier Pikaza Ibarrondo, teólogo espanhol da Teologia da Libertação e professor da Pontifícia Universidade de Salamanca, em artigo publicado por Religión Digital, 30-07-2023.
Tenho imenso respeito por Inácio de Loyola, grande admiração pela Companhia. Mas, como pude conversar longa e apaixonadamente com Ignacio Tellechea (1928-2008), por ocasião de sua obra "Sólo y apie" (1992), aquele papa que não quis aprovar as Constituições da Companhia de Jesus estava pelo menos tão certo quanto Inácio de Loyola.
A Companhia de Jesus foi talvez a maior "obra católica" da modernidade; sem ela a Igreja Católica não seria o que foi do século XVI ao século XXI. Mas, no fundo, na minha opinião (com I. Tellechea), aquele papa estava mais certo do que Inácio.
O tipo de oração de Inácio (sozinho, com um "diretor" espiritual), e o tipo de autoridade de sua Companhia (com um superior acima, de "sociedade", que não é uma comunidade) podem ser muito eficientes (e tem sido ), mas não responde ao estilo cristão de Mt 15,18 (onde dois ou três em meu nome...), nem ao do primeiro "concílio eclesial" (At 17: Pareceu-nos ao Santo Espírito e para nós).
Livro de Inácio Tellechea. (Foto: Divulgação)
Certamente, o Papa Bergoglio quis se chamar "Francisco", e fez bem. Mas, a meu ver, sua maneira de entender a autoridade e a ordem da Igreja é mais a de Inácio” do que a de Francisco e Domingo de Guzmán. Este é, como já disse I. Tellechea, um problema chave da reforma das Igrejas.
Segundo a tradição sinodal de Mateus e Lucas, a autoridade não está fora (acima), mas na própria comunidade (em dois ou três reunidos, no “nos pareceu”).
Deixo o assunto pendente para outras reflexões. Hoje tenho o prazer de oferecer algumas reflexões sobre Inácio de Loyola, sobre a importância de sua figura e mensagem, sobre sua visão de Jesus e sobre os limites de seu modo de compreender a obediência na Igreja.
Preocupo-me muito com Inácio de Loyola, como destaquei no Dicionário (linha 3, 1ª à esquerda).
Foto: Divulgação
– Inácio me importa porque, sendo um homem da modernidade, continuou imerso numa espécie de Idade Média religiosa, como mostram as visões que quis recolher neste postal, numa estrada que passa sobretudo por Manresa. Ele uniu sua piedade mais tradicional com suas habilidades organizacionais.
– Preocupo-me com Inácio porque ele é um homem de Jesus. Pôs de lado uma espécie de Grande Escolástica, e centrou o "exercício cristão" no seguimento radical do Jesus histórico, na sua vida (2ª semana), na sua fidelidade e dedicação humana (sem. 2) e na sua Páscoa (sem. 4) . A Igreja hoje também precisa voltar a Jesus, ou seja, à sua humanidade concreta, para que cada um a leia, a assuma, a percorra...
– Uma certa igreja moderna perdeu a humanidade de Jesus... e a liberdade fundamental de Inácio, sozinho diante de Cristo (este é o seu valor, este é o seu risco). Por isso é preciso voltar a essa humanidade e a essa liberdade, de forma radical, sabendo que todo o resto é acessório.
‒ Soldado e fundador da Companhia de Jesus. Vasco de Azpeitia tinha sido cavaleiro ao serviço de Castela, mas foi ferido e, enquanto convalescente, converteu-se ao Evangelho. Ele é o representante máximo da contra-reforma católica, um dos criadores do pensamento e da missão cristã moderna.
Ele pode ser considerado o último cruzado da Idade Média; mas, ao mesmo tempo, tem sido criador de uma espiritualidade moderna e de uma estratégia apostólica, centrada na doação da própria vida, ao serviço da liberdade interior e da Igreja, tal como transparece na sua fundação exemplar, a Companhia de Jesus (Paris, ano 1540), formada por membros (= jesuítas) a serviço da obra da Igreja.
‒ Um cavalheiro cristão para encontrar Cristo. Não era um homem de "letras" no sentido técnico do termo, mas estudou teologia na Universidade de Paris (depois de ter passado por Alcalá de Henares e, por um período mais curto, por Salamanca).
Inácio conhecia bem a vida social e militar do seu tempo, mas assumiu o impulso dos novos movimentos do pensamento católico, e quis basear a sua espiritualidade na vida de Cristo, tal como aparece nas últimas três semanas da sua Espiritualidade. Exercícios, que têm como finalidade a formação de alguns “soldados” ao serviço da obra de Jesus, no seio da Igreja Católica.
Inácio transformou assim a antiga cruzada militar, destinada à conquista externa de Jerusalém, num apostolado ao serviço concreto da Igreja, espalhada pelo mundo. Este programa, aberto a todos os cristãos (a quem dirige os seus Exercícios), expressa-se de modo especial através dos membros da Companhia de Jesus, para quem escreve as Constituições, um dos textos de organização social mais importantes da história ocidental.
‒ "Companhia de Jesus. Uma obediência como livre submissão (mas como submissão, não como diálogo constituinte, contra a tradição cristã)."
Pintura de Inácio de Loyola, feita por Francisco Zurbaran por volta da primeira da década de 1600. (Imagem: Wikimedia Commons)
As ordens religiosas antigas realizaram um grande trabalho a serviço da Igreja, desde os primeiros beneditinos (com os monges de Cluny ou do Cister) até os franciscanos e dominicanos, mas eles realizavam tarefas mais genéricas inicialmente. Em contraste, os novos membros (companheiros, militantes de Jesus, segundo Inácio de Loyola) nasceram para se colocar diretamente a serviço da Igreja ameaçada, obedecendo a superiores "que aparecem por cima, não dentro da comunidade".
Em toda a tradição anterior da igreja, que culmina de maneira exemplar nos dominicanos do século III, partindo da tradição de São Basílio e Santo Agostinho, pais dos monges/religiosos do oriente e ocidente, a obediência é compreendida em um contexto de comunidade. O superior não está fora, mas dentro da comunidade. Isso significa que orar é compartilhar a vida mais profunda da comunidade e obedecer é descobrir a vontade de Deus através da vida (diálogo) da comunidade.
Seguindo esse princípio, o superior não está fora (acima) da comunidade, mas dentro dela, sendo representante de Deus (Cristo) por ser representante da vontade comunitária.
Liberados para a missão de Cristo (nas mãos de um superior)
Existem outros modelos de vida e presença cristã (monástica, contemplativa, libertadora em linha social...), mas o mais significativo da Igreja Católica nos últimos quinhentos anos foi oferecido por Inácio de Loyola ao fundar a Companhia de Jesus, esse corpo especial de "libertados de Cristo" a serviço pleno da igreja (com um voto de obediência peculiar ao papa).
A novidade da "obediência inaciana" reside no fato de colocar-se nas mãos de superiores que dialogam muito, que pensam muito, mas que dirigem de cima a vida e ação dos membros da Companhia de Jesus. Dessa forma, ganha-se em agilidade, mas de uma maneira similar a um exército ou empresa, perde-se a raiz comunitária na busca da vontade de Deus.
Em vez de um diálogo (syn-hodos), destaca-se um tipo de "submissão radical" a um superior que representa a vontade de Deus. Na tradição anterior, o representante da vontade de Deus é o amor comunitário. Deus não é representado por indivíduos superiores, mas por comunidades dialogantes que buscam, decidem e resolvem questões.
Certamente, mantém-se o lema "ad maiorem Dei gloriam", para maior glória de Deus, mas a questão é como a glória de Deus é expressa: através da submissão a um superior designado por Deus ou através da busca comunitária do pão (em plural: "Dá-nos hoje o nosso pão cotidiano...") e do perdão (perdoa-nos como perdoamos). Na igreja do absolutismo das novas monarquias, a vontade de Deus é expressa por um rei superior, um papa, um general da companhia.
Certamente, existem muitas nuances... A obediência jesuíta tem outros traços geniais, alcançou resultados admiráveis... Mas, fundamentalmente, corre o risco de colocar um tipo de "submissão a um superior" no lugar onde deveria estar o amor mútuo, a autoridade sinodal da comunidade.
Este modelo é muito eficaz, muito eficiente... Talvez pela primeira vez em toda a sua história, a igreja contou com uma espécie de corpo especial, unificado, quase militarizado, a serviço de sua missão apostólica, mas em um caminho que não é essencialmente de "amor mútuo", mas de obediência ao Deus que se revela através dos superiores.
Nesse sentido, em princípio, o jesuíta não é um homem de diálogo, mas de obediência. É um homem que renuncia à sua própria liberdade para se colocar nas mãos de um superior (ou superiores) que lhe diz onde deve ir, o que deve fazer... Certamente, após um profundo discernimento, um diálogo profundo com os superiores... Mas no final, acima do discernimento e do diálogo... está a autoridade do superior que decide, em um caminho que pode parecer evangélico, mas que em nenhum momento é mencionado no evangelho.
Inácio era um homem do mundo, senhor da terra basca, guerreiro, cavaleiro, um convertido, fundador universal, um dos criadores da Idade Moderna, um homem que quis "reencontrar" e reinterpretar Jesus para caminhar ao seu lado, em liberdade. Por isso, seus "Exercícios Espirituais" (após a primeira semana de ajustes antropológicos) são um processo de encontro radical com Jesus, sozinho com o Evangelho, sem outras mediações secundárias, sem ordens externas, sem direitos particulares; cada um sozinho diante de Jesus, com a grandeza e o valor que isso implica (mas com o risco da comunhão essencial com o próximo, sem o "dois ou três" de Mateus, sem o "nos pareceu a nós e ao Espírito Santo").
Em certo momento, um Inácio mal interpretado pode nos fazer esquecer que Deus se expressa na comunidade dos irmãos, que orar a/em Deus é dialogar com/os irmãos.
A autoridade da igreja não é um indivíduo acima dos outros, mas uma comunidade de crentes/irmãos que compartilham a vida, como eu destaquei em meus comentários sobre Marcos e Mateus.
Certamente, Inácio de Loyola ofereceu (por volta de 1530) o mais poderoso e influente de todos os retábulos espirituais (literários, meditativos) da vida de Jesus para os tempos modernos, seguindo a linha da Devotio Moderna.
O tratamento da vida de Jesus de Inácio é radicalmente bíblico e moderno... Seus Exercícios Espirituais são um retorno ao Jesus histórico e continuam sendo um momento-chave da vida cristã atual, com sua exigência de retorno ao Jesus histórico. Mas lida a partir da perspectiva das Constituições da Companhia, a visão de Jesus que Inácio oferece pode ser manipulada em linha de "submissão". Mais do que seguir em liberdade a Jesus, pode ser tratado como "submeter-se a Jesus" através da submissão aos superiores.
Nesse sentido, a igreja atual, com Francisco SJ como Papa, precisa voltar à história de Jesus com urgência e radicalidade... Mas a um Jesus que não se expressa na forma de princípio de submissão, mas sim na linha de comunhão em liberdade, pessoa e social.
Portanto, não se trata de submeter-se a Jesus através dos superiores, mas de se identificar com Jesus e segui-lo em comunhão de vida com os irmãos, partindo dos pobres e excluídos da sociedade. Caso contrário, o ideal jesuíta de autoridade e obediência pode se transformar em um elitismo espiritual, próprio de pessoas que guiam os outros de cima para baixo, sem formar comunhão de vida com eles.
Voltar a Jesus, esse é o caminho de Deus, essa é a Igreja... Tudo o mais será queda no vazio. Esses são os 51 momentos básicos de sua "história de Jesus", conforme aparecem nas três últimas semanas dos Exercícios. Esses 51 momentos de identificação com Cristo correm o risco de serem compreendidos como submissão a Cristo (e submissão aos superiores como representantes de Cristo). Mas não é uma submissão escravizadora, mas sim a revelação do mistério superior da vida... Aquele que se submete a Cristo (e coloca sua vida nas mãos do Cristo que expressa sua vontade pelos superiores) pode descobrir um espaço superior de mistério vital e religioso. Somente nesse contexto (história de Jesus) é possível entender a espiritualidade de Inácio, sua visão mística de Deus, como mostram tanto sua Autobiografia quanto seu Diário Espiritual, do qual cito algumas passagens.
1. Nascimento (Exercícios Espirituais 262-274). 1. Anunciação. 2. Visitação 3. Nascimento. 4. Pastores. 5. Circuncisão. 6. Magos. 7. Purificação. 8. Fuga para o Egito. 9. Retorno do Egito. 10. Vida oculta. 11. Menino no templo. 12. Batismo. 13. Tentação.
2. Vida (Números 275-287). 14. Chamado aos apóstolos. 15. Caná da Galileia. 16. Expulsão dos mercadores do Templo: Jo 2. 17. Sermão da Montanha. 18. Calmaria da tempestade. 19. Andar sobre as águas. 20. Envio dos apóstolos. 21. Conversão de Maria Madalena: Lc 7. 22. Multiplicação dos Pães. 23. Transfiguração. 24. Ressurreição de Lázaro. 25. Ceia em Betânia: Mt 26. 26. Domingo de Ramos.
3. Paixão (Números 288-298). 27. Pregação no Templo. 28. Última Ceia. 29. Agonia no Horto. 30. Do Horto à casa de Anás. 31. De Anás a Caifás. 32. De Caifás a Pilatos. 33. Julgamento por Herodes. 34. Retorno a Pilatos. 35. Julgamento de Pilatos. 36. Crucificação e morte. 37. Da Cruz ao Sepulcro.
4. Páscoa (Números 299-312). 38. Aparição de Maria, a Mãe (apócrifa). 39. Anjo da Páscoa (Mc 16). 40. Aparição às mulheres (Mt 28). 41. Aparição a Pedro (Lc 24, 33). 42. Emaús (Lc 24). 43. João 20: Aparição ao discípulo sem Tomás. 44. João 20: Aparição a Tomás. 45. João 21: Pesca final. 46. Mt 28, 16-20. Missão a partir da Galileia. 47. 1Cor 15, 7: Visão a 500 irmãos. 48. 1Cor 15: Visão a Tiago. 49. José de Arimateia (apócrifo). 50. Aparição a São Paulo. 51. Ascensão (Atos 1).
Eu disse que esses 51 momentos de identificação com Cristo correm o risco de serem manipulados de forma a se submeter a Cristo (e a se submeter aos superiores como representantes de Cristo). Mas essa não é uma submissão escravizadora, mas uma revelação do mistério superior da vida... Aquele que se submete a Cristo (e entrega sua vida nas mãos do Cristo que expressa Sua vontade através dos superiores) pode descobrir um espaço superior de mistério vital e religioso. Somente nesse contexto anterior (a história de Jesus) é possível entender a espiritualidade de Inácio, sua visão mística de Deus, como é mostrado tanto em sua Autobiografia quanto em seu Diário Espiritual, do qual tomei algumas citações.
Três chaves. Montserrat.
Ele tinha muita devoção à Santíssima Trindade e, assim, fazia orações todos os dias para as três pessoas distintamente. E ao orar para a Santíssima Trindade, veio-lhe um pensamento: como fazia quatro orações à Trindade? Mas esse pensamento lhe causou pouco ou nenhum incômodo, como se fosse algo de pouca importância. E estando um dia rezando nas escadas do próprio mosteiro (Montserrat) as Horas de Nossa Senhora, sua compreensão começou a elevar-se, como se visse a Santíssima Trindade sob a figura de três chaves, e isso com tantas lágrimas e soluços que ele não conseguia se controlar. E naquela manhã, enquanto participava de uma procissão que saía dali, nunca pôde conter as lágrimas até a hora da refeição; nem depois de comer podia falar sobre outra coisa senão a Santíssima Trindade; e isso com muitas comparações e variações, e com muita alegria e consolo; de tal forma que essa impressão de grande devoção ao fazer orações à Santíssima Trindade permaneceu em toda a sua vida (Autobiografia, nº 28).
Visão intelectual: rio profundo. Manresa.
Uma vez, por sua devoção, ele estava indo a uma igreja, que ficava pouco mais de uma milha de Manresa, que eu acredito que se chama São Paulo, e o caminho seguia junto ao rio; e enquanto estava em suas devoções, sentou-se um pouco com o rosto voltado para o rio, que corria profundamente. E estando sentado lá, seus olhos da compreensão começaram a se abrir; não que ele visse alguma visão, mas entendendo e conhecendo muitas coisas, tanto coisas espirituais quanto coisas da fé e das letras; e isso com uma iluminação tão grande que todas as coisas lhe pareciam novas... E isso foi de tal maneira que ele ficou com a compreensão iluminada, como se fosse outra pessoa e tivesse outro intelecto do que antes (Autobiografia, 30. 5º).
Diário espiritual, 21 de fevereiro de 1544, Paris.
Durante a oração, o tempo todo, contínua e grande devoção, luz quente e sabor espiritual, envolvendo de certa forma uma certa elevação [...]. Na missa... eu conhecia, sentia ou via, Dominus scit (Deus sabe), que falava ao Pai, vendo que Ele era uma pessoa da Santíssima Trindade, isso me levava a amá-Lo completamente e tanto mais porque as outras três pessoas estavam totalmente Nele. Eu sentia a mesma coisa quando rezava para o Filho e a mesma coisa quando rezava para o Espírito Santo, desfrutando indiferentemente de uma ou outra pessoa, enquanto sentia as consolações, atribuindo-as aos três.
Conhecimento e visão, Roma. Quando celebrava a missa, também tinha muitas visões, e quando estava redigindo as Constituições, também as tinha com muita frequência; e agora ele pode afirmar mais facilmente porque todos os dias escrevia o que se passava em sua alma e agora o encontrava escrito. E assim me mostrou um grande monte de escritos dos quais ele leu uma parte. A maioria eram visões que ele teve em confirmação de algumas das Constituições, vendo às vezes a Deus Pai, outras as três pessoas da Trindade, outras a Virgem intercedendo, outras confirmando (Autobiografia, 100).
Recordando as visões de um homem de Deus. Quis recordar as visões de um homem de Deus, de um dos fundadores do cristianismo ocidental moderno. Foi um precursor do racionalismo, da organização eficaz, da unidade da empresa missionária da Igreja. Mas ao mesmo tempo, foi um homem de visões e experiências interiores, em contato pessoal com o Deus que lhe falava por dentro, sem a necessidade de visões exteriores. Esse Inácio da experiência continua sendo para nós um guia e mestre, não para fazer o que ele fez sem mais, mas para buscar a Deus como ele o buscou, descobrindo até caminhos diferentes dos dele. Ele foi um peregrino, e nós ainda somos peregrinos (Os textos que cito são de San Ignacio de Loyola, Obras Completas, BAC, Madrid 1992).
1. O texto-chave de Inácio de Loyola são os Exercícios Espirituais, cujos 51 temas de identificação com Jesus já foram destacados. Esses exercícios levam à integração radical do cristão em Cristo, deixando total liberdade a cada exercitante para aplicar em sua vida o que "descobriu" em Cristo.
2. A forma de interpretação "jesuíta" da obediência, conforme expressa nas Constituições da Companhia, vale apenas para os jesuítas, não para todos os cristãos. Seguindo essa linha, o modelo de obediência (de organização eclesial) do conjunto da igreja e das diversas ordens (de tradição agostiniana, franciscana ou dominicana, por exemplo) não foi e não precisa ser o jesuíta.
3. O Papa Francisco não pode aplicar à igreja inteira o modelo de obediência de São Inácio, por mais que seja aquele que ele conhece melhor (e talvez aquele que ele deseje aplicar).