15 Junho 2023
A tragédia ocorreu na noite de 14 de junho, quando um barco de pesca naufragou transportando cerca de 700 pessoas da Síria, Egito e Paquistão. As autoridades italianas deram o alarme. Os sobreviventes foram transferidos para a cidade grega de Kalamata. As condolências do Centro Astalli: "Uma tragédia anunciada".
A reportagem é de Andrea de Angelis e Silvonei José, publicada por Vatican News, 15-06-2023.
Setenta e oito corpos recuperados e cerca de cem sobreviventes: esses são os números oficiais - fornecidos pela Organização Internacional para as Migrações - do naufrágio de um grande barco pesqueiro ao largo de Pylos, na Grécia. "O número de mortos está aumentando a cada hora e várias pessoas dizem que havia cerca de 600 pessoas a bordo", disse um funcionário do governo grego ao jornal Guardian, enquanto outras fontes falam em 750 passageiros.
O barco afundou a cerca de 80 quilômetros a sudoeste da cidade grega de Pylos. No momento do resgate, nenhum dos migrantes a bordo estava usando coletes salva-vidas, de acordo com relatos da mídia local. O barco em que eles estavam viajando partiu da Líbia para a Itália. Foram as autoridades italianas que alertaram as autoridades gregas sobre o naufrágio por volta das 3h da manhã da quarta-feira, 14 de junho. Mulheres e crianças estavam nos porões, provenientes principalmente da Síria, Paquistão e Egito.
Os hospitais de Trípoli, Kalamata, Kyparissia e Sparta foram colocados em alerta, sendo que o hospital de Kalamata já está tratando 26 pessoas com ferimentos leves ou hipotermia. Seis navios, um barco de patrulha da guarda costeira e um avião militar C-130 estão envolvidos nas operações de resgate. Setenta e oito pessoas foram acolhidas nas instalações da Guarda Costeira e serão transferidas para uma instalação de recepção em Malakasa.
Três dias de luto nacional na Grécia, após a enorme tragédia da imigração ocorrida nesta quarta-feira no Mar Jônico. O anúncio foi feito pelo gabinete do primeiro-ministro grego em exercício, enquanto centenas de pessoas ainda estão desaparecidas, levantando temores de que o número real número real de vítimas seja muito maior. Acredita-se que no navio cerca de 750 pessoas estivessem viajando nele. A busca por sobreviventes continua. A presidente da República Grega, Katerina Sakellaropoulou, foi ao local da tragédida na parte da tarde desta quarta-feira.
Ao mesmo tempo em que expressa profunda tristeza e pesar pelas vítimas que continuam a ser contadas nessas horas, o Centro Astalli de Roma não pode deixar de enfatizar que se trata de "uma tragédia que a Europa poderia e deveria ter evitado". "Poucos dias depois do novo Pacto da UE para Migração e Asilo, a retórica securitária vazia e a propaganda hipócrita emergem diante do terrível naufrágio em que seres humanos em busca de salvação perderam suas vidas", diz uma nota, denunciando as razões pelas quais as pessoas ainda continuam a "morrer nas fronteiras da Europa". Ou seja, a ausência de "uma ação comum de busca e resgate de migrantes" e o investimento, em vez disso, de recursos "no fechamento e na externalização das fronteiras", a falta de "vontade dos Estados europeus de estabelecer rotas de acesso legais e seguras para aqueles que buscam proteção na Europa", a falta de "coragem" para "lançar um plano europeu para a recepção e redistribuição de requerentes de asilo e refugiados nos 27 Estados membros que vá além do Regulamento de Dublin e não seja gerenciado apenas de forma voluntária".
Para o padre Camillo Ripamonti, presidente do Centro Astalli: "a Europa continua a proteger suas fronteiras e a se defender daqueles que são vítimas de um mundo injusto. Deveríamos ter aprendido ao longo dos anos, que já foram muitos, que não se pode impedir as chegadas impedindo as partidas, tornando as viagens mais difíceis".
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78 mortos em naufrágio de migrantes na Grécia, centenas de desaparecidos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU