14 Junho 2023
O Brasil teve, em 2022, o maior contingente de deslocados internos dentre os países das três Américas, atingindo 708 mil de pessoas afetadas por tragédias ambientasi e 5 mil por conflitos de terra. Os dados são do relatório anual do Centro de Monitoramento de Deslocamento Interno (IDMC).
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
O estudo aponta duas grandes tragédias ambientais que provocaram aquele contingente de deslocados: as tempestades que atingiram Pernambuco em maio de 2022, e as fortes chuvas que se abateram sobre Minas Gerais em janeiro de 2022. Os dois fenômenos foram responsáveis pelo deslocamento interno de 238 mil pessoas. O Estado de Goiás registrou o maior número de conflitos por terra em zonas rurais.
No mundo, os deslocados internos somaram, no ano passado, o recorde de 71,1 milhões de pessoas, uma alta de 20% em relação ao ano anterior. O número de movimentos associados a fugas em busca de segurança e abrigo chegou a 60,9 milhões no período, um aumento de 60% comparado a 2021.
A diretora do IDMC, Alexandra Bilak, disse ao ONU News que fatores como insegurança alimentar, mudança climática e conflitos crescentes e prolongados estão “adicionando novas camadas a esse fenômeno”, que está em crescimento no mundo.
Embora seja um fenômeno mundial, três quartos dos deslocados internos no globo vivem em apenas dez países: Síria, Afeganistão, República Democrática do Congo, Ucrânia, Colômbia, Etiópia, Iêmen, Nigéria, Somália e Sudão.
A guerra da Ucrânia foi responsável por quase 17 milhões de deslocamentos, de pessoas que fugiram das áreas de combate. Monções e enchentes no Paquistão levaram 8,2 milhões de pessoas a se deslocarem, o que representa um quarto do deslocamento global por desastres naturais em 2022.
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Número de deslocados internos atinge número recorde em 2022 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU